Reino Unido detém ruandeses suspeitos do genocídio de 1994 

Cinco ruandeses foram presos nesta quinta-feira (30) pela polícia metropolitana britânica sob a suspeita de envolvimento no genocídio de 1994 no Ruanda, a pedido de promotores ruandeses. As informações foram averiguadas pelo jornal britânico The Independent. Os ruandeses, que têm vivido em diferentes endereços pela Grã Bretanha ao menos desde 2000, foram detidos por policiais da divisão especialista de extradição da Scotland Yard, a polícia britânica.

Quatro dos homens tinham sido presos antes por suspeita de desempenharem papeis proeminentes no massacre de 800.000 pessoas no país centro-africano, mas a extradição não foi feita, em 2009, quando uma decisão da Suprema Corte considerou que eles corriam o risco de sofrer “negação flagrante à justiça” se enviados ao Ruanda.

Em um depoimento, os promotores do Ruanda disseram que o sistema judicial do país teve progressos significativos desde a decisão da Corte Suprema de 2009, e ressaltaram decisões de extradição recentes da Corte Europeia de Direitos Humanos e da Noruega a favor do Ruanda como precedentes em potencial para as cortes britânicas.

“Esperaremos agora que as cortes britânicas avaliem seus procedimentos e reconheçam a sua independência, e esperamos que os procedimentos da corte possam ser completados rapidamente, para que os acusados de genocídio possam enfrentar a justiça”, disse o promotor.

Os homens detidos mencionados pelo promotor ruandês incluem Vincent Bajinya, 52, um doutor baseado em Londres, classificado na “categoria um” de crimes pelas autoridades do Ruanda. Ele é acusado pelos ruandeses de organizar as milícias Interahamwe, responsáveis por conduzir os massacres étnicos contra os tutsis e os hutus moderados.

Os outros homens são Celestin Ugirashebuja, 60; Charles Munyaneza, 55, em Bedford, e Emmanuel Nteziryayo, 60, em Manchester. O quinto homem, que acredita-se não ter sido preso anteriormente, é Celestin Mutabaruka, 57.

O Ruanda empreende esforços consideráveis pelo julgamento e pela reconciliação pós-conflito da sua população, considerado um exemplo por vários cientistas políticos que analisam processos como este. Retomando conceitos tradicionais de justiça, mesclando-os com desenvolvimentos “modernos” do sistema judiciário, o governo mantém tribunais chamados “Gacaca”, que se dedicam à reconciliação em detrimento da punição, de acordo com os crimes perpetrados e depois de uma parcela da sentença penal já ter sido cumprida pelos acusados.

Com The Independent,
da redação do Vermelho