Maduro lamenta que Santos tenha rompido acordo de não ingerência

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou, nesta quinta-feira (30), que perdeu confiança em seu colega colombiano, Juan Manuel Santos, e que por isso avalia todas as relações bilaterais com o país. O chefe da delegação do governo colombiano na delegação em Havana, Humberto de la Calle, classificou como “muito preocupante” a disposição do governo venezuelano de abandonar a mediação entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) nos Diálogos de Paz de Havana.

Maduro - AVN

A tensão nas relações diplomáticas entre as nações se devem ao fato de o presidente Santos ter recebido, na quarta-feira (29) o ex-candidato à presidência Henrique Capriles em Bogotá. A visita faz parte de uma turnê de Capriles por países da América Latina para “denunciar” supostas fraudes nas eleições de abril na Venezuela.

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“Nós respeitamos todos os países do mundo. (…) O senhor (Juan Manuel Santos) não se meta em meu país, eu não me meto no seu. O senhor respeite a política do meu país, e eu respeito a política do seu”, afirmou Maduro que criticou a violação do Acordo de Santa Marta, de 2010.

Em 10 de agosto de 2010, em Santa Marta, o ex-presidente Hugo Chávez manteve uma reunião com Santos, na qual foram estabelecidas algumas regras, como a não intromissão dos governos nos assuntos internos de ambas as partes.

“Lamento muito que o presidente Santos tenha rompido as regras do jogo estabelecidas em Santa Marta. Lamento muito que a oligarquia colombiana e o todo o poder da Colômbia neste momento esteja coeso em torno do objetivo de não reconhecer o governo legítimo da Venezuela e de derrubar o governo revolucionário que eu represento”, afirmou.

O presidente venezuelano disse ter informações sobre a reunião em Bogotá e que nela “foi apresentado [a Capriles] um plano junto a Álvaro Uribe, qualificado como perfeito para me derrubar e para encher de violência a Venezuela”.

Diálogos de Paz

Nesta quinta (30), Maduro anunciou que a participação nos Diálogos de Paz mantido entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Havana, Cuba, será revista diante do que considerou uma afronta e ordenou o retorno a Caracas do embaixador Roy Chaderton, representante venezuelano nos Diálogos.

De la Calle, no entanto, afirmou nesta sexta (31) que “queremos seguir contando com a Venezuela na mesa de Havana”. E classificou como “muito preocupantes” as tensões com a Venezuela justamente no momento em que as conversas tiveram avanços e as Farc e o governo chegaram a um consenso sobre a questão agrária.

O chefe da delegação do governo explicou que o papel da Venezuela é muito importante, que tem sido “muito útil” para o processo e espera que as diferenças sejam superadas e que o país siga acompanhando a mesa de diálogo em Cuba.

Santos nega ingerência

Em comunicado emitido nesta sexta-feira (31), o presidente da Colômbia afirmou que a questão da visita de Capriles foi um mal-entendido e negou que esteja sendo gestada qualquer tentativa de desestabilização à Venezuela partindo da Colômbia e afirmou que esta questão será tratada no âmbito da diplomacia.

Com agências

*Matéria alterada às 15h06 para acréscimo de informações