Primo de Assad adverte os EUA sobre perigo extremista na Síria

Ribal Assad, primo e crítico do presidente Bashar Al-Assad, da Síria, disse que as forças lutando contra o governo constitucional são dominadas por extremistas islamistas “piores que nazistas”, e que os Estados Unidos devem parar de armá-los. A mensagem foi dada nesta terça-feira (25), durante uma reunião em Nova York, e incluiu advertências à Turquia e a Israel.

“Os islamistas não vão parar com a Síria”, disse Ribal Assad. “O objetivo deles é espalhar a revolução [islamista] através do Oriente Médio. E se eles não forem detidos, o resultado será uma guerra regional em que a Turquia e Israel também serão envolvidos”.

Em um aviso que ele pretende dar em reuniões com parlamentares e oficiais da administração estadunidense ainda nesta semana, Ribal Assad disse que Washington não deveria tomar lados em uma guerra “sectária”.

Ao invés de armar os rebeldes, os EUA deveriam cooperar com a China e a Rússia para uma convenção internacional que criaria um “governo de unidade nacional” na Síria, para governar o país por um período interino, antes da realização de eleições democráticas, já previstas para 2014.

Assad acusou os aliados dos EUA, Catar e Arábia Saudita, de organizar e armar combatentes islamistas na Síria, com um número acima de 100.000 atualmente, para impedir que uma Síria democrática ameace as suas monarquias também.

“A maior parte das áreas dominadas pelos rebeldes está levantando as bandeiras negras da rede Al-Qaeda”, disse Assad. “E o autodenominado Exército Sírio Livre e todo [composto] por grupos salafistas”.

Entretanto, a presença dos extremistas estrangeiros foi mencionada pelo primo do presidente como “um pretexto” para o combate aos rebeldes, apesar de já ter havido inúmeras evidências sobre a presença de mercenários, que tornam a luta e o caráter de “oposição” desses grupos extremamente questionáveis, sobretudo pela existência de grupos legítimos de oposição que dialogam diretamente com o governo.

Neste sentido, Ribal Assad diz que o apoio ao presidente, atualmente em 70% da população, deve-se ao temor a um regime islamista sobre a Síria, o que não condiz com a imagem recente da população nas áreas tomadas pelo Exército, antes sob o controle dos grupos armados, em defesa do controle do governo legítimo sobre o país.

Ribal é filho do irmão mais novo do ex-presidente Hafez Assad, Rifat Assad, já acusado de implicação em um massacre, em 1982, de membros da Irmandade Muçulmana, e foi expulso do país em 1983, após tentar tomar o poder. Ribal vivia em Londres, onde chefiou a “Organização para a Democracia e a Liberdade na Síria”, advogando pela liberalização no país.

Assad disse ainda que se os combates continuarem indefinidamente, os EUA (que já apoiam abertamente os grupos rebeldes com armas e financiamento) entrarão em uma situação que descreveu como “Afeganistão elevado à 10ª potência”.

Com informações do Haaretz,
Da redação do Vermelho