Comissão da Verdade da Paraíba ouve a deputada Jô Morais

A Comissão da Verdade e da Preservação da Memória, instituída pelo governo da Paraíba realizou nesta sexta feira, 28 de junho, a primeira audiência pública, dentro de seu cronograma de trabalho. A audiência ocorreu no Auditório João Santa Cruz (nome do deputado estadual comunista eleito em 1945) da Seção estadual da Ordem dos Advogados do Brasil e contou com mais de 100 participantes.

Comissãoda Verdade-PB ouve a deputada Jô Morais - Agamenon
A deputada federal do PCdoB-MG, Jô Morais – que é paraibana de Cabedelo e uma das 8 paraibanas presas no Congresso da UNE de Ibiúna –, foi a convidada para prestar depoimento sobre sua experiência de resistência contra a ditadura militar quando era dirigente estudantil na capital paraibana.

Jô Morais – e os integrantes da Comissão Estadual da Verdade, mais o representante da Comissão Nacional, Márcio Kameoka. chegaram ao recinto vindo de Campina Grande – onde participaram da solenidade na UFCG que trocou o nome do auditório da reitoria, numa homenagem ao Estudante de Medicina João Roberto Borges. João Roberto foi presidente do Diretório Acadêmico de Medicina da UFPB que foi preso, em 1969 juntamente com Jô (era seu nivo) em Recife e apareceu morto em um açude no sertão paraibano. Seu nome substitui o do ex-reitor da UFPB, Guilhardo Martins que dedurou estudantes da instituição para a repressão.
Em seu depoimento, Jô emocionou os integrantes da Comissão e o público, com riqueza de detalhes e muito sentimento. Historiou a trajetória que a levou à clandestinidade, as alegações absurdas nos processos movidos contra ela e outros jovens ativistas pelos órgãos oficiais, a ação dos órgãos paralelos da repressão, as privações que teve que passar, as dificuldades de ter que viver se escondendo, mudando de identidade para preservar a vida. Destacou também o apoio e solidariedade recebidos de inúmeras pessoas, algumas de pessoas anônimas que às vezes eram fundamentais para escapar dos algozes. Depois cada membro da Comissão formulou perguntas buscando esclarecer fatos que ajudem seu trabalho. Também a plateia pode se expressar e formular perguntas à depoente.

A sessão dirigida pelo presidente da Comissão, professor Paulo Giovani Nunes, foi prestigiada por grande número de vítimas da ditadura, militantes revolucionários, professores, intelectuais e artistas. Presente o deputado federal pelo PT, Luiz Couto, o presidente estadual do PCdoB, Simão Almeida.

No início da sessão, a integrante da Comissão Irene Marinheiro leu um histórico da atribulada vida da militante comunista – desde os anos de líder estudantil na faculdade de Serviço Social em João Pessoa à liderança da bancada feminina na câmara Federal atualmente – e convidou a dirigente estadual do PCdoB Lúcia Rocha para entregar à deputada um buquê de flores.
A Comissão Estadual da Verdade já está programando outra audiência pública, neste caso em Sapé – município paraibano onde militou o líder camponês e comunista João Pedro Teixeira – sobre as Ligas Camponesas.

Da redação do Vermelho-PB