Irã rechaça declaração condenatória da UE e do Conselho do Golfo

O Ministério de Assuntos Exteriores da República Islâmica do Irã criticou, nesta segunda-feira (1º/7), a declaração conjunta da União Europeia (UE) e do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), emitida em Manama, capital do Bahrein, sobre o suposto envolvimento do Irã no conflito na Síria, sobre o seu programa nuclear e pelo “cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança” (também fonte de inúmeras sanções contra o país), com uma postura “mais construtiva na região”.

UE - CCG - Reuters / Hamad I Mohammed

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores persa, Said Abas Araqchi criticou as declarações de alguns participantes da reunião ministerial entre e a UE e o CCG, em Manama, sobre a República Islâmica do Irã, e lamentou o fato de que, durante o encontro, algumas posturas infundadas foram discutidas, revelando o mal-entendido de alguns Estados sobre a realidade atual da região.

O CCG é formado pelos países árabes do Golfo Pérsico (Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos), em grande parte envolvidos com o financiamento e o armamento dos grupos armados que atuam na Síria, muitos compostos por mercenários estrangeiros.

“As alegações irracionais e absurdas sobre a intervenção do Irã nos acontecimentos na Síria são repetidas enquanto alguns países, tomando posturas hostis, tentam fazer fracassar qualquer solução política ao caso sírio”, disse Araqchi.

“Estes Estados, após apoiar os grupos armados takfiris [grupos de extremistas islâmicos que defendem como legítima a violência cometida para alcançar objetivos religiosos ou políticos] sob o pretexto de apoiar o povo sírio inocente, estenderam a matança e o saqueio no país árabe”, explicou o porta-voz.

As repetidas alegações sobre as três ilhas iranianas (Tonb Maior, Tonb Menor, Abu Musa) disputadas na região, sobre o programa nuclear pacífico de Teerã, a planta nuclear de Bushehr e a desatenção destes países aos atuais acontecimentos na zona foram ressaltadas por Araqchi, que reiterou as afirmações sobre a ignorância desses países com relação aos eventos políticos em desenvolvimento no importante Golfo Pérsico.

As relações entre a UE e o CCG foram estabelecidas em 1988, com os objetivos de “fortalecer a estabilidade numa região de importância estratégica, facilitar as relações econômicas e políticas, ampliar a cooperação econômica e técnica e a cooperação em termas como a energia e a indústria”, uma componente importante tanto para uma região necessitada de recursos energéticos quanto para alguns dos maiores produtores de petróleo do mundo.

Neste sentido, a “estabilização” da região tem sido ressaltada como um objetivo primordial, já que a expansão dos conflitos causa tensão nos mercados, embora a violência também seja manipulada para a orquestração de movimentos políticos mais interessantes para as grandes potências mundiais, como no caso da Síria e do Irã, acusados constantemente pelo Ocidente como regimes ditatoriais ou opressores que precisam ser mudados, enquanto outros com essas características são mantidos como aliados.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho