Jornalistas não têm segurança em cobertura de risco

 

Os riscos a que foram submetidos os jornalistas durante os protestos realizados na Avenida Dedé Brasil, dia 27, durante a semifinal da Copa das Confederações, chamaram a atenção da sociedade. Completamente vulneráveis durante a cobertura dos confrontos entre Polícia e manifestantes, os profissionais improvisaram recursos de “segurança” e saíram às ruas com óculos de natação, capacetes de bicicleta, toalhas e lenços umedecidos com vinagre, muitos deles tomados por policiais.

O alto nível de exposição dos jornalistas do Ceará contrastava com os equipamentos das equipes internacionais, paramentadas com capacetes, óculos, máscaras e coletes de segurança para se protegerem das armas “não letais” da Polícia e dos objetos jogados pelos manifestantes contra os policiais na tentativa de romper a barreira que impedia o acesso deles à Arena Castelão.

Nem protetor solar, nem água para beber

No caso das equipes locais, muitas delas não dispunham nem mesmo de protetor solar ou dinheiro para comprar água para beber. “Tivemos o testemunho de um colega que mostrava as queimaduras que sofreu na área da nuca depois de longa exposição ao sol”, conta o diretor de Juventude do Sindjorce, Rafael Mesquita, que conferiu in loco a falta de condições de trabalho dos colegas na cobertura da manifestação.

O protetor solar foi uma das reivindicações do Sindjorce negadas pelas emissoras cearenses na Campanha Salarial 2013 dos jornalistas de rádio e TV. “A intransigência patronal coloca em risco o trabalho dos jornalistas”, conclui Rafael.

Necessidade urgente de um protocolo de segurança

Situações como estas expõem a necessidade urgente da abertura de um debate entre donos de veículos de comunicação e jornalistas, intermediado pelo sindicato da categoria, no sentido de se construir coletivamente um Protocolo de Segurança para Coberturas de Risco.

A iniciativa tem como objetivo não só garantir a disponibilização de equipamentos de segurança, treinamento sobre como o profissional deve se portar em situações de conflito e a inclusão do adicional de risco de vida nas Convenções Coletivas de Trabalho. Visa, sobretudo, à construção de uma cultura, de uma rotina de segurança por parte das empresas para o imediato enfrentamento à violência no exercício da profissão.

Jornalistas devem exigir proteção das empresas e do Estado

“Cabe ao sindicato incluir o protocolo de segurança na pauta de reivindicações da categoria nas próximas campanhas salariais dos profissionais empregados em jornais, revistas, rádios e TVs do Ceará. Aos jornalistas, cabe exigir que as empresas adotem essas medidas de proteção aos profissionais”, afirma a presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro.

Samira enfatiza que o papel do Estado também é fundamental para preservar a integridade dos jornalistas por meio da adoção de políticas públicas voltadas para a segurança de todos os profissionais de comunicação. “Caso haja novas manifestações, negociaremos com o Governo do Estado a participação de representantes do Sindjorce como observadores, pois temos a obrigação de estar ao lado da categoria em momentos críticos como estes”, conclui.

Fonte: Sindjorce