Coalizão laica no Egito aborda medidas para formação do governo

A Frente de Salvação Nacional (FSN) egípcia considerou que o gabinete em formação deve incluir "figuras credíveis que tenham apoiado a revolução desde o seu inicio", durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (11), no Cairo, capital do Egito, com Mohamed El-Baradei, porta-voz da oposição laica nas conversações com o governo interino chefiado por Adli Mansour e Hazem Beblawi, nomeado como o primeiro-ministro.

Beblawi reafirmou que oferecerá pastas a membros da Irmandade Muçulmana, a entidade islamista que demanda o retorno à presidência de Mohammed Mursi, destituído pelo Exército na semana passada. O premiê também convocou para esta sexta-feira (12) uma manifestação maciça na capital.

“Nenhum partido deve ter poder de veto sobre as decisões ou nomeações”, disse El-Baradei, designado vice-presidente interino encarregado das relações internacionais, nesta terça (9). Ele também é o líder do Partido Constitucional.

A FSN demandou emendas à Declaração Constitucional emitida no começo desta semana pelo presidente interino, que também é chefe da Suprema Corte Constitucional. O documento traça o quadro de medidas para formar um gabinete de transição, a criação de um comitê para emendar a carta magna suspensa pelo Exército e a organização de eleições legislativas e presidenciais no começo de 2014.

“A declaração também inclui artigos inaceitáveis, alguns que precisam ser emendados e outros que devem ser adicionados, além de que, foi emitida sem ser consultada com a oposição a Mursi, inclusive os movimentos juvenis”, disse El-Baradei.

O FSN é uma coalizão de partidos laicos, liberais e de esquerda que fez oposição ativa ao presidente deposto, que acusava de querer islamizar a sociedade egípcia, escalada depois de Mursi ter assumido maiores poderes em novembro do ano passado.

O primeiro-ministro provisório disse, na véspera, que espera apresentar a sua equipe na próxima semana, embora saiba que três pastas continuarão nas mãos dos mesmos que desempenharam os cargos durante o governo de Mursi.

Os generais Abdel Fattah El Sisi e Mohamed Ibrahim permanecerão nos Ministérios da Defensa e do Interior, e Mohamed Kamel Amr, no de Relações Exteriores, de acordo com o premiê interino em declarações nesta quarta-feira (10).

El Sissi foi o arquiteto da deposição de Mursi, Ibrahim o apoiou e Kamel Amr renunciou em solidariedade com os milhões de manifestantes que demandaram a substituição do mandatário, assim como outros cinco ministros.

Com Prensa Latina