Peritos da ONU chegam à Síria para diálogos com o governo

Dois inspetores oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) encarregados de investigar as alegações sobre o uso de armas químicas na Síria chegaram a Damasco, capital do país, nesta quarta-feira (24), para conversações com os oficiais do governo do presidente Bashar Al-Assad, a convite do presidente.

Peritos da ONU na Síria - AFP / Louai Beshara

O cientista sueco Ake Sellstrom e Angela Kane, alta representante da ONU para o desarmamento, chegaram de Beirute, capital libanesa, para as negociações sobre a investigação, que a ONU vem buscando desde abril e que o governo de Assad já havia requisitado.

De acordo com uma fonte próxima à delegação da ONU, os dois enviados devem encontrar-se com o ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, ainda nesta quarta.

Leia também:
Armas químicas: Peritos viajarão à Síria a pedido do governo

No topo da agenda para as negociações estão o acesso a áreas do país em que se alega terem sido usadas armas químicas (tanto por forças oficiais quanto pelos grupos armados, alguns conduzindo atos de terrorismo), para que as investigações possam ser conduzidas.

O governo sírio e os rebeldes que lutam pela sua derrubada trocaram acusações sobre o uso de armas químicas neste conflito de dois anos, que já resultou em mais de 100.000 pessoas mortas.

Além disso, em ingerência nos assuntos internos da Síria, países vizinhos e do Ocidente, como os Estados Unidos e membros da União Europeia usam a alegação contra o governo para justificar o seu apoio direto aos grupos armados.

Em 11 de julho, a ONU aceitou um convite do governo sírio para a visita dos dois oficiais. Damasco insiste em que qualquer investigação deve focar no uso de armas químicas na cidade nortenha de Khan al-Assal em março, pelo que responsabiliza os grupos rebeldes.

A cidade foi capturada pelos rebeldes na segunda-feira (22), no que diplomatas da ONU disseram ser um obstáculo às expectativas da delegação de investigação de conseguir acesso.

“Se o governo não conseguir controlar Khan al-Assal haverá poucas chances de que [os rebeldes] deixarão os especialistas da ONU entrarem”, disse um diplomata do Conselho de Segurança.

A ONU já recebeu 13 alegações sobre o uso de armas químicas na Síria, que os países que financiam os grupos rebeldes, enviam armamentos e mercenários que compõem as suas tropas paramilitares usam como pretexto para a ingerência, ainda sem evidências de que o uso dessas armas químicas seja do governo.

Com informações do portal Al-Akhbar,
Da redação do Vermelho