UEE-SP levará estudantes às ruas na Jornada de Agosto
A estudante de Economia Carina Vitral, de 24 anos, é a nova presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP). Ela tome posse em um momento crucial para o movimento estudantil, que foi às ruas não somente pelos 20 centavos, como ela mesma lembra, em entrevista para à Rádio Vermelho. “A força das ruas mostrou que é preciso de reformas estruturantes, como muita gente disse não era só pelos 20 centavos. Primeiro, é preciso fazer a reforma política”, afirma.
Publicado 29/07/2013 17:58
"A marca da gestão vai ser muita passeata e paralisação na porta das universidades. Para a Jornada de Agosto estamos programando várias mobilizações nesse sentido", destaca Carina.
Oficialmente a jovem é a segunda mulher a dirigir a entidade estudantil paulista. Antes dela, em 2003, Renata Petta esteve à frente da UEE. E, em 1967, a estudante Catarina Melloni, da Ação Popular, chegou a empatar com José Dirceu na eleição, pela Dissidência. No entanto, o congresso acabou desempatando e elegendo Dirceu. “Tem uma polêmica [nesse congresso]. A Catarina foi eleita junto com o José Dirceu. Então, se você considera que ele foi presidente, ela não foi”, revelou Carina Vitral.
Candidata pelo Movimento Bloco na Rua, ela foi eleita com 70,2% dos votos na assembleia final de um momento histórico. O 11º Congresso da UEE-SP, que ocorreu entre 14 e 16 de junho, em Ibiúna, interior de São Paulo não poderia ter sido mais emblemático. Além de ter ocorrido 45 anos depois do 30º Congresso de 1968, e no mesmo lugar do Congresso que não terminou, aconteceu na semana seguinte aquela fatídica quinta-feira, dia 13 de junho, quando a Polícia Militar do Estado de São Paulo, orquestrada pela mídia hegemônica, reagiu com violência contra os jovens manifestantes em plena avenida Paulista.
“O Congresso teve não somente as marcas do passado, mas também as manifestações [de junho] estiveram bastante presentes. Refizemos a programação para debatê-las e foi a tônica do encontro”, comenta a presidenta da UEE-SP, que, apesar do relato dramático que guarda daquela noite, faz um balanço positivo do movimento em São Paulo: “Teve uma vitória o movimento, foi a primeira vez que a política do governador Geraldo Alckmin teve que recuar. Na prática, as outras manifestações não tiveram essa ação da polícia. A opinião pública acha muito ruim, muito traumatizante aquelas cenas da TV. Então é a primeira vez que isso acontece. Quem faz movimento social em São Paulo sabe que sempre foi dura a repressão, sempre foi na bala de borracha e spray de pimenta”.
Para a UEE-SP é fundamental que a juventude esteja nas ruas. Mas, para a presidenta recém eleita é preciso dar prosseguimento aos protestos, cobrando reformas estruturais. "Precisamos dar continuidade para tudo isso. A força das ruas mostrou que é preciso de reformas estruturantes, como muita gente disse não era só pelos 20 centavos. Primeiro, é preciso fazer a reforma política. A juventude que está nas ruas não se vê representado no atual sistema que inibe e não incentiva o jovem a participar da política”, declara Carina Vitral.
“Enquanto não acabar com esse sistema de que quem paga a banda escolhe a música, as instituições vão continuar arraigadas de corrupção. Porque corrupção foi um tema muito levantado nas ruas, mas na nossa opinião é preciso levantar a questão não só do ponto de vista do corrupto, mas de todo um sistema que corrompe”, completa.
Democratização da mídia
Além de por o bloco na rua pela reforma política, ela também enfatiza outra importante mudança. “A juventude também não se vê representada na cobertura que a mídia fez e faz das manifestações. E para nós esse é um ponto fundamental: discutir e incentivar a democratização da comunicação para que o povo e a juventude possa falar”.
Deborah Moreira
Da redação do Vermelho
Ouça a íntegra da entrevista: