General egípcio reúne-se com representantes islamitas

O general Abdel Fattah al-Sissi, que depôs Mohammed Mursi da presidência do Egito há um mês, encontrou-se neste domingo (4) com representantes islamitas. A reunião faz parte da ronda de negociações em que se tenta encontrar uma solução política e pacífica para o conflito que eclodiu com a deposição.

"Ele encontrou-se com representantes dos movimentos islamitas (…) e frisou que há oportunidades para se chegar a uma solução pacífica para a crise se todas as partes rejeitarem a violência", disse um porta-voz do Exército, o coronel Ahmed Aly.

O conflito, e a violência, entre os apoiantes de Mursi e as novas autoridades egípcias eclodiu em 3 de julho, quando os militares afastaram Mursi; entretanto tomou posse um novo governo interino e a Constituição, de teor islâmico aprovada, foi suspensa.

O maior movimento islamita do Egito, a Irmandade Muçulmana, não esteve presente na reunião com Sissi. No sábado, representantes deste grupo admitiram participar nas negociações (e estiveram em um encontro) se a Constituição fosse reposta e se os militares fossem afastado de todas as conversações e de todo o processo político.

Não é o que está acontecendo, com o general Sissi investindo em reuniões e declarações. O que se sabe, por declarações que o próprio Sissi fez ao jornal norte-americano The Washington Post, é que não deseja o poder. Mas acredita que deve ter uma participação na definição do futuro do país: "Em 26 de julho, mais de 30 milhões de pessoas saíram às ruas para me manifestarem o seu apoio. Estas pessoas esperam que eu faça qualquer coisa", adiantou.

O general exigiu que os Estados Unidos pressionem a Irmandade a aceitar a nova realidade egípcia: "A administração norte-americana tem forma de pressionar e influênciar a Irmandade Muçulmana e gostaria que a utilizasse para pôr fim ao conflito".

Milhares de militantes da Irmandade Muçulmana ocupam há um mês duas praças do Cairo para exigir o regresso de Mursi ao poder. Cerca de 150 pessoas morreram em confrontos desde essa data, sobretudo civis apoiantes do presidente deposto e em resultado de confrontos com a polícia.

Sissi justificou a deposição de Mursi: "Se não tivéssemos agido, a situação teria se transformado em uma guerra civil. Foi o que disse a Mursi quatro meses antes da sua partida". Sobre a possibilidade de se candidatar à presidência, não deu uma resposta direta.

"O mais importante na minha vida é ultrapassar estas dificuldades, assegurar-me que vivemos em paz, seguir o calendário e ser capaz de organizar as próximas eleições sem derramar uma única gota de sangue egípcio", disse, acrescentando que há pessoas que não acreditam que existem outras que não "aspiram ao poder".

As negociações entre as partes decorrem no Cairo com a presença de representantes norte-americanos e da União Europeia.

Com informações do Público