Com posse de Cartes, Paraguai voltará ao Mercosul e à Unasul

Os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; do Uruguai, José Mujica e do Brasil, Dilma Rousseff, comparecerão à cerimônia de posse do presidente Horácio Cartes no Paraguai na próxima quinta-feira (15). A expectativa é que o presidente recém-empossado se reúna com os demais presidentes do Mercosul para tratar de sua reincorporação ao bloco.

Unasul levantou suspensão do Paraguai ao bloco. Decisão deverá ser seguida pelo Mercosul

A posse de Cartes deverá encerrar o impasse com os países da região. O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) em junho de 2012, porque os líderes regionais consideraram que o processo de impeachment que destituiu o então presidente Fernando Lugo foi um golpe parlamentar, mecanismo não tolerado nos blocos integracionistas.

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A condição para o país voltar os mecanismos regionais foi a realização de eleições livres e democráticas para restabelecer a ordem democrática.

Reincorporação

A chancelaria do Peru, que integra a presidência pró-tempore da Unasul informou que a decisão do conselho dos chefes de Estado dos 12 países que compõem o bloco é que o Paraguai deverá ser reincorporado ao organismo na próxima quinta (15).

A decisão do bloco foi tomada após a divulgação da missão de acompanhamento eleitoral no país, presidida pelo peruano Salomón Lerner, segundo a qual o pleito ocorreu “com total normalidade e com uma ampla participação cidadã, razão pela qual se acordou levantar esta suspensão”, afirmou o órgão.

A volta do Paraguai ao Mercosul é dada como certa, já que os quatro integrantes do bloco também são parte da Unasul.

Aliança do Pacífico

Também estarão presentes na cerimônia os presidentes do Peru, Ollanta Humala e do Chile, Sebastián Piñera. Ambos integram a Aliança do Pacífico juntamente com México e Colômbia, os países conservadores alinhados aos Estados Unidos na região. O Paraguai, que já é observador do bloco, estuda sua entrada ao passo que negocia sua volta ao Mercosul.

Cartes insiste que seu país não voltará ao bloco enquanto a Venezuela ocupar a presidência pró-tempore do mecanismo regional — a liderança deveria ser ocupada pelo país, que foi pulado na sucessão devido à sua suspensão temporária.

O mandatário eleito afirmou que fará de sua posse uma ocasião para apresentar o Paraguai ao mundo como um “país de oportunidades” e superar o isolamento regional em que o país caiu com a suspensão do Mercosul e da Unasul.

Desta forma, a presença dos presidentes do Mercosul pode ser entendida como um esforço para distanciar o Paraguai da Aliança do Pacífico, e dissuadir Cartes de deixar o bloco econômico.

O flerte do Paraguai com a Aliança do Pacífico é prejudicial às políticas integracionistas que vêm sendo implementadas na região nos últimos anos. Como ressaltou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante do 19º Foro de São Paulo: a Aliança do Pacífico “é uma estratégia dos Estados Unidos para enfraquecer a América do Sul e a Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos]. (…) Os EUA não brincam em serviço”, ressaltou.

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva