Equador retrocede e governo libera exploração de petróleo
O governo do Equador desistiu de um plano de conservação que teria impedido a exploração de petróleo em partes do Parque Nacional de Yasuni, na Amazônia equatoriana. Nesta quinta-feira (15), o presidente Rafael Correa anunciou a decisão de liberar a retirada do recurso natural da área declarada pela Unesco (1989) como reserva mundial da biosfera.
Publicado 16/08/2013 11:32

O parque é um dos locais de maior biodiversidade do mundo e, desde a década de 1970, sofre a exploração do petróleo, que ocorre em uma parte que cobre cerca de 10 mil quilômetros quadrados. Os três poços existentes, na fronteira com o Peru, recolhem aproximadamente 900 milhões de barris, equivalente a 20% dos depósitos do menor sócio da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Em um discurso, Correa pediu autorização da Assembleia Nacional, composto por maioria oficialista, para iniciar as atividades petroleiras nas zonas protegidas do campo de Ishpingo, Tambococha y Tiputini (ITT), que fica dentro do parque.
O presidente equatoriano lançou em 2007 um plano que contava com o apoio da Organização das Nações Unidas para conseguir doações para evitar a exploração de petróleo no local. O objetivo era levantar US$ 3,6 bilhões, 50% do valor que seria extraído em 13 anos das reservas do ITT. No entanto, segundo o mandatário, a iniciativa conseguiu atrair apenas uma pequena parte do dinheiro que deveria levantar (US$ 13 milhões).
"O mundo fracassou conosco", afirmou Correa em uma entrevista, já adiantando que os trabalhos no campo ITT devem começar nas próximas semanas. "Assinei o decreto executivo para a liquidação do fundo fiduciário Yasuni-ITT e, com isso, encerrei a iniciativa", disse.
Por sua vez, a encarregada do projeto, Ivonne Baki, informou que cerca de R$ 336 milhões foram arrecadados, a maior parte junto a países europeus e grupos ambientalistas. O fundo, que era administrado pelo Programa de Desenvolvimento da ONU, afirma que impedir a exploração na área também evitaria que mais de 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono fossem liberadas na atmosfera.
Uma pesquisa revelou que 78% dos equatorianos são contra a exploração de petróleo no parque, que também é o lar para várias comunidades indígenas, como os Tagaeri e o Taromenane. Depois do anúncio, centenas de pessoas se reuniram em Quito para protestar contra a decisão.
No entanto, o presidente equatoriano garantiu que serão usadas "técnicas de extração de última geração" na área. Atualmente, cerca de 60% da superfície do parque está em posse de empresas petrolíferas, com campos, oleodutos, assentamentos humanos e estradas. As companhias de petróleo defendem a presença no local com o argumento de que chegaram antes da região ser transformada em parque, algo questionado pelos ambientalistas.
Uma das polêmicas levantadas em relação à decisão de Correa é gerada a partir da interpretação da Constituição de 2008, que proíbe a exploração de recursos não renováveis em áreas protegidas, mas que ao mesmo tempo outorga ao presidente a opção de autorizá-la sob o argumento de “interesse nacional”, desde que aprovada pelo Congresso.
Cerca de 50% da receita do Equador, que é membro da Opep, vem da extração do petróleo.
Da redação do Vermelho,
Com informações de agências de notícias