Emissário para Síria sugere reunião e autoridades pedem cautela

O emissário da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi, nesta sexta-feira (23), disse ser urgente a convocação de uma reunião com os mediadores sugeriu uma reunião entre representantes da ONU e dos governos da Rússia, dos Estados Unidos e da Síria, e também da oposição. Várias autoridades também manifestaram-se pela necessidade de cautela e imparcialidade na investigação sobre as recentes alegações de uso de armas químicas.

Militantes na Síria - Ricardo Garcia Villanova / AFP / Getty Images

Brahimi trabalha com uma equipe que, até a chegada a Genebra, estava no Cairo, no Egito. A previsão é que o grupo de mediadores, formado pelas delegações dos Estados Unidos e da Rússia, reúnam-se na próxima quarta-feira (28), em Haia (Holanda), para buscar meios para negociar a paz na Síria.

O vice-ministro de Relações Exteriores da Síria, Faisal al-Meqdad, rechaçou as alegações de alguns meios de comunicação, através de acusações feitas pela oposição no país, sobre o uso de armas químicas contra civis, em um ataque que teria deixado 1,3 mil mortos na região de Damasco.

“Tais acusações carecem de veracidade e têm como objetivo entorpecer a missão da equipe de investigações da ONU na Síria”, disse Al-Meqdad, durante um encontro com uma delegação russa de ativistas.

A equipe de investigação, composta por peritos internacionais, foi enviada pela ONU à Síria após o convite e as negociações com o governo, para investigar as denúncias anteriores sobre o uso de armas químicas, tanto pelo governo quanto pelos grupos armados.

O vice-ministro reafirmou a vontade do governo em colaborar com os especialistas da ONU, que se encontram na Síria desde domingo (18).

O Governo da Síria rechaçou as acusações e argumentou que, enquanto o Exército sírio continua conquistando vitórias no terreno contra os rebeldes, o uso de armas químicas, ainda nos primeiros dias de trabalho dos peritos internacionais, seria “um suicídio político”.

A China, a Rússia e até mesmo os Estados Unidos, além da própria ONU, pediram uma investigação imparcial e profissional dos inspetores sobre as denúncias, feitas nesta quarta-feira (21).

O Ministério de Relações Exteriores da China, em comunicado emitido na quinta (22), rechaçou as alegações dos opositores, que responsabilizam o Governo pelo ataque, e pediu que a investigação seja realizada em colaboração com o Executivo sírio, além de manifestar-se taxativamente contrário ao uso de armas químicas, “por quem quer que seja”.

Da mesma forma, o porta-voz da chancelaria russa, Alexander Lukashevich, classificou de “provocações” as alegações dos grupos opositores na Síria, e o membro da Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior da Assembleia Consultiva do Irã (Mayles), Hoyatolá Suri, também disse que as acusações são parte de estratagemas usados pelos grupos armados cada vez que o Exército sírio conquista avanços positivos.

Passados 28 meses desde o início do conflito na Síria, os grupos rebeldes, muitos responsáveis por atos de terrorismo, perdem diariamente o controle de localidades usadas para a movimentação de armas e militantes.

Suri recordou que já houve outras acusações sobre o uso de armas químicas na região de Jan al-Asad, localizada nas proximidades de Alepo (noroeste da Síria), mas após as investigações realizadas por peritos independentes, foi concluído que os grupos rebeldes tinham sido os responsáveis.

Com agências,
Da redação do Vermelho