Santos tenta minimizar a importância da greve agrária na Colômbia

Os colombianos viveram um fim de semana cheio de tensão e revolta social. As insurgências no país aumentam a cada dia por conta da insatisfação com as políticas econômicas do governo de Juan Manuel Santos, que no domingo (25) tentou minimizar a importância da greve nacional. Em Tunja, no departamento (equivalente a Estado) de Boyacá, mais de 200 mil colombianos saíram às ruas de maneira pacífica, fazendo um panelaço em apoio à paralisação, que já chega ao 8º dia. 

Juan Manuel Santos

O mandatário assegurou em um de seus discursos que “a tal greve nacional agrária não existe”. Enquanto isso, milhares de camponeses, mineiros, operários, estudantes e organizações sociais continuam bloqueando estradas, exigindo o cessar do Tratado de Livre Comércio e das políticas neoliberais “que estão acabando com o povo”.

Com os protestos no domingo, os camponeses fizeram um chamado internacional para que sejam garantidos os seus direitos. Existem várias denúncias de excesso do uso da força pública, muitas delas foram registradas em vídeo e difundidas pela internet – algumas imagens mostram policiais golpeando e intimidando os manifestantes, sendo que alguns deles foram feridos por armas de fogo.

Santos convidou os produtores agrícolas em greve para trabalhar em conjunto, depois de reconhecer que “há reclamações justas”. O presidente colombiano publicou em seu Twitter que “se há excesso do uso da força, haverá sanções. Ressarcir aqueles que tiveram seus direitos violados é responsabilidade do governo”. Ele afirmou também que deu instruções para que a violência denunciada pelos cidadãos seja investigada.

Apesar do mandatário ter declarado que “a instrução para a força pública é que os manifestantes e seus direitos sejam respeitados”, pois “o protesto é parte da democracia”, as detenções arbitrárias continuam acontecendo no país. Um exemplo é a prisão de Humberto Ballesteros, porta-voz da Marcha Patriótica e membro da Central Unitária de Trabalhadores, a quem o Estado acusa de terrorismo e rebelião.

O rechaço por essa detenção foi unânime. Em um comunicado a Marcha Patriótica assinalou que “não é mais que uma maneira de desmoralizar e tirar a força do movimento agrário e popular” e afirmou que vai manter a “luta pela defesa da terra e do território”.

As manifestações continuam

Diferente do que disse Santos, as manifestações seguem sacudindo diversas regiões como Nariño, Putumayo e Cundinamarca, e também levantam insurgências populares em Meta, Huila, Cauca, Vale do Cauca e Antioquia.

Na cidade de Dosquebradas, cerca de 60 caminhões estão impossibilitados de passar pois a estrada está interrompida em ambos os sentidos, segundo a emissora local RCN Rádio, o congestionamento vai até Santa Rosa de Cabal. Os condutores armaram tendas improvisadas no canteiro.

Diálogo

A Oficina de Direitos Humanos das Nações Unidas na Colômbia pediu calma a ambas as partes e indicou que as autoridades e os líderes dos protestos devem buscar uma solução mediante o diálogo.

Nesta segunda-feira (26), uma equipe dessa organização deve chegar aos departamentos mais afetados para obter mais provas sobre os incidentes ocorridos até o momento. Estima-se que os enfrentamentos tenham deixado mais 220 detidos, dezenas de feridos e pelo menos quatro mortos.

Da redação do Vermelho,
Com informações da Prensa Latina