Clima de guerra contra a Síria ocupa manchetes na mídia dos EUA

O clima de outra guerra de imprevisíveis consequências, desta vez contra a Síria, que os Estados Unidos e seus aliados iniciariam, ocupa nesta quinta-feira nos Estados Unidos as principais manchetes da imprensa local.

Manchetes relacionadas à Síria e à tentativa de incriminar as autoridades desse país pelo suposto uso de armas químicas, pretexto que provocaria uma ação militar contra a nação árabe, atraem a atenção em relação a outros temas.

A rede Fox mostrou uma reportagem na qual assegura que o presidente Barack Obama defendeu ontem realizar um "tiro de advertência" contra o país do Oriente Médio, com interesse, segundo disse, na segurança nacional estadunidense.

Tudo isso apesar da crescente preocupação dos parlamentares do Congresso com a possibilidade de um ataque militar estadunidense.

Em uma entrevista ao sistema público de difusão, a PBS, Obama mencionou pela primeira vez que os Estados Unidos "chegaram à conclusão que o governo sírio realizou um ataque com armas químicas contra a população civil na semana passada", o que é negado rotunda e reiteradamente por Damasco.

Seus comentários aconteceram pouco depois da Casa Branca ter anunciado que se reunirá com os líderes do Congresso, na tarde desta quinta, para abordar um relatório de inteligência e os planos de um eventual ataque.

Um membro de alto escalão da Marinha norte-americana confirmou à mesma emissora que está sendo reforçada a presença naval na região. Agora são dois porta-aviões de prontidão, depois da chegada do USS Harry Truman ao Golfo Pérsico.

Além disso, ordenou-se ao Nimitz, que se encontra no Oceano Índico, permanecer no local, disse.

Obama sublinhou, na quarta-feira (28), que ainda não teria tomado uma decisão sobre a opção contra a Síria e é isso o que se avalia, porque seu governo diz estar seguro que Damasco usou armas químicas, mesmo que ainda não tenha sido apresentada nenhuma prova.

Citando a preocupação dos estadunidenses sobre a possibilidade de que Washington se envolva em outra guerra como as do Iraque e Afeganistão, o governante tentou acalmar os ânimos e assinalou que a ação contra a Síria seria algo limitado, mas ao que parece ainda não calculou as consequências.

A CNN publicou uma notícia em sua página digital dizendo que, neste contexto, estão sendo observadas as opções militares, sendo realizadas reuniões emergenciais e que se destaca a necessidade de uma ação internacional rápida.

Os jornais The New York Times e The Washington Post também trazem em sua capa várias matérias relacionadas ao desenvolvimento do conflito e ao aumento das tensões.

Enquanto isso, o The Hill, dedicado a assuntos legislativos, destacou que o presidente tem que pedir permissão ao Congresso para uma eventual ação armada contra o país do Oriente Médio, segundo disse o presidente da Câmara de Representantes, John Boehner.

O mesmo jornal destacou em outra reportagem que 116 legisladores, entre eles 18 democratas, assinaram uma carta na qual se enfatiza que Obama estaria violando a Constituição se atacasse a Síria sem obter primeiro a autorização do Congresso.

A iniciativa demonstra o interesse de ambos partidos e o crescente esforço para assegurar o papel dessa instância na presumível decisão de utilizar a força na Síria, dimensionou The Hill.

"Envolver nossos militares na Síria quando não existe nenhuma ameaça direta aos Estados Unidos, e sem autorização do Congresso, violaria a separação de poderes que está claramente delineada na Constituição", argumentou a carta, promovida pelo representante Scott Rigell.

Por sua vez, o senador republicano Rand Paul advertiu nesta quinta que o que ocorre naquela nação árabe não tem "nenhuma conexão clara com a segurança nacional dos Estados Unidos".

O legislador por Kentucky e possível candidato presidencial em 2016 também manifestou seu ceticismo com relação à visão da administração democrata de que era "inegável" que as forças do presidente Bashar al-Assad utilizaram armas químicas.

Sua oposição a um ataque dos Estados Unidos coloca em evidência as divisões internas no Partido Republicano sobre como responder diante desta suposição, pois os senadores John McCain e Lindsey Graham incentivaram a administração democrata a ir para além dos ataques limitados que cogitam neste momento.

O governo de Al-Assad, que coopera e permite o trabalho de uma missão da ONU que investiga os fatos, insiste que as acusações são uma grosseira manipulação dos Estados Unidos, Ocidente e aliados árabes para facilitar a intervenção militar no país.

Destacados especialistas indicam que um golpe contra a Síria se avizinha, enquanto outros assuntos candentes, como o vazamento sobre os programas secretos de espionagens da Casa Branca, revelados em junho pelo ex- agente terceirizado da Agência de Segurança Nacional Edward Snowden, passaram a um segundo plano.

Fonte: Prensa Latina