Síria insta ONU a impedir intervenção e Obama busca aval interno

O governo da Síria formulou uma solicitação ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki Moon, nesta segunda-feira (2), para que o representante impeça "qualquer agressão" contra o país árabe. Já o presidente dos EUA, Barack Obama, iniciou uma campanha para obter o apoio dos congressistas norte-americanos, em busca de consentimento para lançar uma intervenção militar.

Bashar Jafari - ONU

“O governo sírio instou o secretário-geral da ONU a assumir suas responsabilidades, impedindo qualquer agressão à Síria e impulsionando uma solução política à crise", indicou o representante do país árabe na ONU, Bashar Jafari.

No sábado (31), Obama havia afirmado ter se decidido pela intervenção, mas também que buscaria o consenso do Congresso, embora as vozes contrárias estejam em ascensão.

Um grupo de congressistas (entre republicanos e democratas) havia enviado uma carta ao presidente Obama no começo da semana, para lembrá-lo de que lançar uma intervenção militar sem a autorização do Congresso violaria a Constituição estadunidense.

O senador James Inhofe, do Comitê de Serviços Armados do Senado, o senador Rand Paul, e o representante Peter King (todos republicanos), em entrevista à mídia norte-americana, expressaram dúvidas quanto à aprovação do plano de Obama e de seu secretário de Defesa, Chuck Hagel. A próxima reunião do Congresso está prevista para a próxima segunda-feira (9).

No mesmo sentido, o primeiro-ministro britânico David Cameron, que está entre os principais defensores da agressão contra a Síria (juntamente com os EUA e a França), também teve de submeter uma moção ao Parlamento britânico (a Câmara dos Comuns), e recebeu um resultado negativo para a participação britânica na intervenção, já acatado por Cameron no discurso que fez após a votação.

Vozes dissonantes

O resultado, porém, pode não impedir a participação indireta do Reino Unido (uma vez que o próprio presidente Obama disse que seu país continuará “em consultas” com os britânicos) pela intervenção em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, embora dois dos membros permanentes, a Rússia e a China, já tenham se manifestado contrários à ofensiva.

Entretanto, Obama, Cameron e Hagel afirmaram que o Conselho de Segurança não é o único foro de discussão do assunto, e que uma intervenção militar sem o aval do órgão da ONU “é uma possibilidade”, em mais uma evidência da predisposição do grupo para a violação do Direito Internacional.

Por outro lado, pesquisas de opinião realizadas pelos grupos midiáticos norte-americanos revelam que cerca de 80% dos estadunidenses acreditam que Obama deve conseguir a aprovação do Congresso antes de decidir pelo ataque.

A própria Liga Árabe, que tem participado da ingerência nos assuntos políticos da Síria (através do apoio aos grupos de oposição ao governo e da sua suspensão como membro da organização, desde 2011, entre outros discursos contrários ao presidente Bashar al-Assad), chegou a afirmar que não permitirá uma intervenção. As declarações foram dadas pelo chanceler da Líbia, Mohamad Abdulaziz, neste domingo (1º), após uma reunião com o secretário-geral da Liga, Nabil al-Arabi, em sua sede, no Cairo (capital egípcia).

Na falta de apoio aos EUA para uma intervenção estão também europeus como a Alemanha, a Itália, a Polônia e, na América do Norte, o Canadá, além da própria Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), cujo secretário-geral Anders Fogh Rasmussen, conhecido defensor do uso da força militar, afirmou que “não prevê qualquer papel da Otan” em uma guerra internacional contra a Síria.

O presidente Obama afirmou ainda que não esperaria por um resultado das investigações da equipe de peritos da ONU enviada à Síria (para a averiguação sobre as denúncias de uso de armas químicas). Os especialistas, que estavam no país há cerca de uma semana, foram retirados no sábado (31), um dia antes do previsto, e devem divulgar resultados nos próximos dias.

Além de países europeus, a Rússia, a China e o Irã têm ressaltado os riscos de uma intervenção contra a Síria (para além da violação da soberania do país árabe e da agressão como violações do Direito Internacional), principalmente no aumento das atividades dos grupos armados, muitos compostos por islamitas, mercenários estrangeiros, entre os responsáveis por atos de terrorismo.

Com agências,
Da Redação do Vermelho