Diplomacia neutraliza armas químicas e ataque dos EUA

A perícia diplomática da Rússia junto à vontade política das autoridades da Síria para pôr sob controle internacional suas armas químicas afasta atualmente a possibilidade de um ataque militar dos Estados Unidos, que há uma semana parecia iminente.

Neste domingo (15), o ministro sírio de Reconciliação, Ali Haidar, manifestou seu beneplácito pelo consenso entre o chanceler russo Serguei Lavrov e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que durante três dias de diálogo em Genebra abriram as portas a negociações impensáveis sete dias atrás.

A proposta, que conta com a aprovação de Damasco, estipula o fornecimento de informações sobre a quantidade e localização do armamento letal; a inspeção por especialistas internacionais dos silos de armazenamento e sua destruição em colaboração com instâncias internacionais.

Como passo prévio, as autoridades sírias já apresentaram à ONU sua solicitação para aderir de maneira formal ao tratado internacional contra a produção, armazenamento e uso de armas químicas.

Felicitamo-nos por este acordo. Por um lado, ajuda os sírios a sair da crise e, por outro, permitiu evitar a guerra contra a Síria, ao deixar sem argumentos aqueles que queriam desencadeá-la, destacou Haidar em entrevista à agência de notícias russa Ria Novosti.

"Este acordo foi possível graças à diplomacia e ao governo russo, é uma vitória para a Síria graças a nossos amigos russos", destacou.

No mesmo sentido, o ministro de Informação, Omran Al-Zoabi, confirmou a vontade governamental de cumprir o estipulado para liquidar o arsenal.

Tomamos este acordo muito seriamente. A proposta russa se transformará em algo mais concreto quando se converter em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que cumpriremos sem falta, afirmou o ministro em diálogo com a rede britânica ITV.

Al-Zoabi mostrou, no entanto, desconfiança sobre a vontade política dos Estados Unidos para fomentar a paz na nação árabe, ao recordar que Washington mantém respaldo logístico e financeiro aos grupos mercenários que buscam derrocar o governo sírio e impor o que denominam de mudança de regime.

O ataque químico de 21 de agosto na periferia de Damasco foi utilizado pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, entre outros, para levantar acusações contra o governo do presidente Bashar Al-Assad sobre a suposta autoria do crime sem ser apresentada uma só prova, apenas suposições circunstanciais.

Por outro lado, evidências assinaladas por Moscou na reunião emergencial do Conselho de Segurança no dia seguinte ao ataque e revelações de meios de imprensa apontam a responsabilidade dos grupos opositores armados pelo ato terrorista, realizado para tentar evitar sua derrota pelas mãos do Exército sírio e justificar uma intervenção externa, analisaram.

O fato foi utilizado para uma rápida escalada na qual o presidente estadunidense Barack Obama anunciou bombardeios contra instalações militares e dependências governamentais sírias.

Quando parecia que nada deteria a maquinaria bélica de Washington, com destruidores, submarinos e até um porta-aviões posicionados perto da Síria, Moscou apresentou a proposta de pôr o armamento químico sírio sob fiscalização internacional, acolhida com grande alívio pela imensa maioria da comunidade internacional.

O embaixador sírio perante as Nações Unidas, Bashar Al-Jaafari, sublinhou recentemente que espera que, com a adesão do país aos tratados internacionais, termine a campanha de manipulações e ameaças contra seu governo pelo suposto uso de substâncias tóxicas.

Fonte: Prensa Latina