Agressão contra Síria continua vigente, alerta argentino

Os Estados Unidos continuam com seus planos de intervenção militar na Síria, apesar de qualquer decisão da ONU, afirmou nesta sexta-feira (20) o coordenador geral do Centro de Estudos sobre o Oriente Médio Contemporâneo, Fernando Bazán.

A possibilidade de um ataque vai sempre existir como uma espécie de espada de Dâmocles sobre o regime sírio, sustentou o diretor da instituição com sede na Argentina, em declarações à emissora de televisão internacional Rússia Today.

Questionado sobre as mais recentes acusações contra Damasco formuladas durante um discurso em Washington pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, Bazán estimou que carecem de sustentação.

Kerry disse que o relatório dos inspetores da ONU confirma de maneira inequívoca que o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, é responsável pelo ataque com armas químicas realizado perto de Damasco, com saldo de centenas de vítimas civis, segundo diversas fontes.

Sobre essa base, o chefe da diplomacia de Washington chamou o Conselho de Segurança a adotar uma resolução sobre as armas químicas na Síria, que inclua um mecanismo para garantir a aplicação do acordo russo-estadunidense.

As declarações de Kerry marcam um ponto de inflexão dentro desta negociação, pois suas acusações não têm mais argumentação, de acordo com o relatório da ONU, sustentou o coordenador geral do Centro de Estudos sobre o Oriente Médio Contemporâneo.

O especialista adverte que a própria comissão investigadora da ONU assinala em seu documento que a evidência é circunstancial, pois muitos dos lugares não foram preservados e neles houve manipulação da população e outros elementos impossíveis de determinar.

Reiteradamente, a cena do crime foi violada pela população, que inclusive trouxe a munição suspeita de ser usada durante o ataque químico, indicou Bazán.

Sobre o relatório dos inspetores, o pesquisador reconheceu que possui algum tipo de veracidade científica. No entanto, esclareceu que não é 100% seguro, por isso suas conclusões são transitórias e não definitivas.

Bazán estima que Damasco desmontou os planos e argumentos de Washington ao aceitar rapidamente a proposta russa de destruir suas armas químicas.

O fato de que o presidente Bashar Al-Assad tenha aceitado rapidamente surpreendeu os Estados Unidos, que não esperavam uma resposta tão rápida do Governo sírio, explicou.

Segundo a opinião do especialista, começam a surgir novos elementos que também pressionarão com relação a um possível ataque estadunidense.

Um sintoma da grave decomposição originada durante o conflito são os combates no norte da Síria entre os próprios bandos armados, sublinhou.

Bazán destacou que esta situação obriga Washington a revisar seus planos, em caso de em algum momento decidir ajudar os rebeldes nessa região para consolidar suas posições.

De fato,os Estados Unidos já anunciaram que enviarão mais armamentos à região, concluiu o coordenador geral do Centro de Estudo sobre o Oriente Médio Contemporâneo.

Fonte: Prensa Latina