Equipe da ONU para avaliação de desarmamento chega à Síria

Especialistas internacionais em desarmamento iniciam a sua missão nesta quarta-feira (2), na Síria, para catalogar o arsenal químico do país árabe, medida integrada ao acordo firmado através da Rússia e desenvolvido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Entre os passos previstos no acordo estão a assinatura da Convenção internacional sobre Armas Químicas e a destruição dos estoques desse recurso até a metade de 2014.

Equipe da ONU na Síria - AFP

A equipe de 19 especialistas foi enviada pela Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW, na sigla em inglês), baseada em Haia, na Holanda. O objetivo da equipe, que chega nesta quarta à capital síria, Damasco, é a implementação da resolução 2118 do Conselho de Segurança, que estabelece a destruição das armas químicas da Síria.

“Nos próximos dias, seus esforços devem focar na verificação das informações fornecidas pelas autoridades sírias e na fase de planejamento inicial de apoio ao país na destruição dos locais de produção de armas químicas”, afirmou um comunicado da ONU. A medida pode ser efetivada em 1º de novembro.

A tarefa é imensa, uma vez que o arsenal sírio é estimado em 1.000 toneladas de gás sarin, gás mostarda e outros químicos armazenados em 45 locais espalhados por todo o país.

O presidente Bashar Al-Assad já reiterou a sua disposição para o cumprimento da resolução do Conselho de Segurança, e o governo entregou diversos documentos à ONU com detalhes sobre o seu arsenal químico.

A OPCW, por sua vez, afirmou que não tem motivos para duvidar da informação, que será verificada pelos inspetores em todo o país. Uma lista do que for encontrado e dos locais de produção a serem desmantelados deve ser publicada no final de outubro ou no começo de novembro, de acordo com a organização.

“Segundo o prazo estabelecido pelo Conselho de Segurança e pela OPCW, todo o estoque de armas químicas deve ser eliminado na primeira metade do próximo ano”, de acordo com a declaração da ONU.

Retóricas de agressão versus diplomacia

Nesta terça (1º/10), a oposição síria advertiu, entretanto, sobre um “desastre humanitário” no subúrbio de Damasco, em Moadamiyet al-Sham, uma das áreas alegadamente atingida em 21 de agosto pelo ataque químico que matou centenas de pessoas.

O ataque de 21 de agosto foi realizado enquanto uma equipe de peritos da ONU encontrava-se no país, a convite do governo sírio, para investigar outras denúncias de uso de armas químicas, e tornou-se o foco central das investigações, que confirmaram o emprego desses recursos, embora não tenha definido a autoria da ação.

Fontes russas e sírias, entretanto, afirmam possuir evidências de que o ataque foi perpetrado pelos grupos armados, para desviar a atenção da equipe de peritos e tentar responsabilizar o governo, o que daria impulso aos Estados Unidos, França e Reino Unido na promoção de uma intervenção militar.

A resolução 2118 também convoca uma conferência de paz para o mais breve possível, a ser realizada em Genebra, na Suíça, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estabeleceu como objetivo que sua realização seja na metade de novembro.

Em contexto mais abrangente, volta a tomar espaço decisivo a proposta de negociação e diplomacia para a busca por uma solução política ao conflito na Síria, embora a oposição exija a demissão do presidente Bashar Al-Assad antes de aceitar participar da Conferência internacional Genebra 2 sobre o tema.

O ministro da Informação Omran al-Zohbi insistiu em reiterar que o presidente continuará no governo, constitucionalmente, e que pode ainda concorrer à reeleição em 2014.

“A Síria mantém sua posição: o Estado, a nação, o povo e o presidente. Esta é uma escolha dos sírios”, disse o ministro, nesta terça-feira (1º/10).

Com informações do portal Al-Akhbar,
Da redação do Vermelho