Revista lançada pela ONU analisa aumento mundial da classe média

A última edição da revista Poverty in Focus (“Pobreza em Foco”) sobre classe média foi lançada na semana passada pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A revista traz 15 artigos de colaboradores nacionais e internacionais, com o objetivo de promover o debate sobre classe média a partir de diferentes temas.

Entre os autores dos artigos estão Francis Fukuyama, da Standford University; Marilena Chauí, da Universidade de São Paulo (USP); Ricardo Paes de Barros, da SAE; Jessé Souza, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); e Luiz F. Lopez-calva, do Banco Mundial, entre outros.

A proposta da edição é debater metodologias para mensurar o tamanho da classe média, escolhas políticas, democracia, crise econômica, manifestações políticas recentes, globalização e desenvolvimento, de acordo com o PNUD.

Muitos especialistas já estudaram o fenômeno da classe média, mas ainda não há consenso sobre o conceito e a definição desse estrato da população, que segundo estimativas pode atingir 30% da população global em 2030, isto é, dois bilhões de pessoas, considerando uma população total de oito bilhões.

“A identificação e a definição de classe média podem auxiliar na formulação de políticas públicas que visam ao desenvolvimento”, analisa Michael Maclennan, pesquisador do IPC-IG e editor da "Poverty in Focus".

Nos últimos anos, o debate em torno da classe média de países emergentes tem atraído muita atenção, principalmente dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O aumento da classe média nesses países é atribuído à significativa redução da pobreza.

Jorge Chediek, representante residente do PNUD, coordenador do Sistema ONU no Brasil e Diretor do IPC-IG, enfatiza que os estudos acadêmicos sobre a classe média realizados no Brasil devem servir de exemplo para os outros países em desenvolvimento, para que possamos alcançar “um mundo todo de classe média”.

Alguns estudos definem a classe média como uma parcela da população que superou a pobreza, isto é, tornou-se menos vulnerável a cair na pobreza, mas que ainda demanda políticas que possam aumentar a sua segurança econômica.

No artigo elaborado por Marcelo Neri, ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o critério de renda é considerado para definir classe média no Brasil.

Estima-se que, entre 2003 e 2011, 40 milhões de pessoas ingressaram na classe média (quase a população total da Argentina). Neri argumenta que a combinação de programas sociais de transferência de renda e uma melhor inserção no mercado de trabalho dos brasileiros, com o aumento do emprego formal e dos salários, são responsáveis pelo crescimento da renda média per capita, o que sugere que a classe média brasileira cresce de forma sustentada.

A "Poverty in Focus" foi lançada durante a “Conferência Internacional sobre Sustentabilidade e Promoção da Classe Média”, promovido pela SAE/PR e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro.

Durante o evento também foi discutida a produtividade do trabalho, com o lançamento, pela SAE/PR, do documento “Determinantes da Produtividade do Trabalho”, que propõe uma estrutura analítica para a compreensão dos fatores que influenciam essa produtividade.

A edição da revista está disponível, em inglês, na página do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Para acessá-la, clique aqui.

Com informações da ONU