EUA devem participar da 8ª reunião entre palestinos e israelenses

As equipes palestina e israelense para as negociações de paz devem encontrar-se nesta quinta-feira (3) pela oitava vez, desde que as conversações foram retomadas, no final de julho. De acordo com o jornal israelense Ha’aretz, o enviado especial dos Estados Unidos para o processo, Martin Indyk deve participar da reunião, após duas semanas de hiato devido à Assembleia Geral das Nações Unidas, cujo debate geral terminou nesta terça (1º/10).

John Kerry Tzipi Livni Saeb Erekat - NBC News

O enviado especial dos EUA para as negociações chegou em Israel na tarde desta quarta (2), após participar de um encontro entre o presidente estadunidense Barack Obama e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.

Indyk também participou, na sexta-feira (27/9), de um encontro entre os diplomatas representantes do chamado Quarteto para o Processo de Paz no Oriente Médio (EUA, Rússia, União Europeia e ONU), nos bastidores da Assembleia Geral.

Os diplomatas pediram aos israelenses e palestinos que demonstrassem seriedade para alcançar um acordo no próximo ano, enquanto Indyk afirmou, na mesma ocasião, que o objetivo é um acordo definitivo para o conflito.

“Todas as questões centrais estão sobre a mesa”, disse Indyk ao lobby judeu americano JStreet, em um jantar de gala, na segunda (30/9). O grupo classifica-se como “pró-Israel pró-paz”, com a solução de dois Estados para o conflito que já dura ao menos 65 anos. “Nosso objetivo comum é um acordo de estatuto final, e não um interino”.

Recentemente, tanto o presidente Barack Obama quanto o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, expressaram que as conversações de paz precisam ser aceleradas, e que discussões sérias sobre as questões centrais precisam ser iniciadas.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, e o chefe da equipe palestina nas negociações, Saeb Erekat, já vinham denunciando o que consideram ser a falta de compromisso de Israel com as negociações, e pediam uma intervenção direta dos EUA no assunto.

Como resposta, Obama e Kerry prometeram que o envolvimento dos EUA nas conversações será intensificado, embora negociadores israelenses tenham se manifestado contrariamente à medida.

Arábia Saudita cancela discurso na ONU

Uma fonte diplomática disse à agência Reuters, citada pelo Ha’aretz, que a Arábia Saudita havia se demonstrado frustrada pela suspensão da intervenção militar contra a Síria, assim como pela inação com relação à questão palestina, o que a levou a cancelar o seu discurso na Assembleia Geral da ONU pela primeira vez.

O governo saudita defende a independência da Palestina e não tem relações diplomáticas com Israel. Em 2002, participou da elaboração de um plano de paz Árabe-Israelense, da Liga Árabe, segundo o qual os países árabes da região reconheceriam Israel e estabeleceriam relações diplomáticas com o país em troca da sua retirada dos territórios que ocupou desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, incluindo porções palestinas, sírias, egípcias e libanesas.

O plano de paz, denominado Iniciativa de Paz Árabe, que assentou a proposta de “paz por territórios”, foi rechaçado pelos israelenses. A negativa sionista sobre a desocupação e a retirada de territórios árabes é diretamente ligada a uma das principais reivindicações palestinas: o fim da construção de colônias judias em seu território, que deveria ser uma das “questões centrais” a que se referiu Indyk.

Entretanto, as autoridades palestinas seguem denunciando a expansão colonial israelense e a expulsão de palestinos de suas casas e terras, na Cisjordânia e em Jerusalém Leste, especificamente, porção da cidade que é classificada como território palestino nos planos de solução previstos pelo consenso internacional.

Ainda durante as negociações, jornais palestinos denunciam diariamente a destruição de casas e infraestrutura básica, como poços de água, pelas forças israelenses na Cisjordânia, e os planos de expansão de bairros ilegais pelas autoridades israelenses são frequentes, defendidos vorazmente por grupos e partidos políticos que foram parte fundamental do governo sionista.

Com informações do Ha'aretz,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho