Governo colombiano atrapalha liberação de Kevin Scott pelas Farc

Nesta terça-feira (8), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) afirmaram que seguem esperando a autorização dos protocolos de segurança por parte do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para que possam liberar o ex-combatente norte-americano Kevin Scott, que está em poder da guerrilha desde junho.

Governo colombiano atrapalha liberação de Kevin Scott pelas Farc - Divulgação/Farc-EP

De acordo com um comunicado publicado no site do grupo guerrilheiro, “a liberação do cidadão estadunidense Kevin Scott é uma decisão unilateral das Farc, que responde exclusivamente as considerações humanitárias”. O documento diz ainda que “se a libertação não se produziu ainda é porque o governo colombiano não deu as condições mínimas que foram solicitadas para este procedimento”.

A página do Partido Comunista Colombiano traz a íntegra de um relato feito por Scott, divulgado originalmente no blog da guerrilha. Jornais internacionais e agências de notícias noticiaram o documento intitulado “Conversações com Kevin Scott” como “uma prova de vida” do ex-combatente.


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O texto foi elaborado, de acordo com as Farc, com as respostas que o norte-americano deu às perguntas elaboradas por membros da guerrilha. Scott admite que “disfruta do tempo na selva” e revela que não ficou entusiasmado com a notícia da liberação.

“É uma pena que me digam que não poderei mais estar aqui, vocês são realmente pessoas boas, gostaria de ficar mais tempo”, diz norte-americano, que fez parte do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, segundo o relato.

Scott chegou à Colômbia no dia 8 de junho de 2013 após passar por México, Nicarágua, Panamá e pelas cidades de Bogotá, São José de Guaviare e acabou detido pelas Farc no município de Retorno.

Na semana passada, as Farc ratificaram sua vontade de manter o referendo estadunidense Jesse Jackson na missão humanitária pela libertação do ex-soldado, mesmo após o anúncio de Santos, que afirmou que somente a Cruz Vermelha Internacional está autorizada a participar da operação.

Na ocasião, um comunicado emitido pelo grupo guerrilheiro pediu que o mandatário colombiano refletisse sobre sua decisão, “pois ao invés de prolongar injustamente a permanência de Scott na selva, deveriam desenhar junto a Cruz Vermelha o protocolo de segurança que requer este tipo de caso”.

Para o processo de soltura, as Farc pediram também a presença de Carlos Lozano, integrante do movimento Colombianos e Colombianas pela Paz.

Os negociadores das Farc e do governo colombiano estão reunidos em Havana (Cuba) para o 15º ciclo de diálogos pela paz, que está pautado no segundo ponto da agenda, a participação política.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias internacionais