88% dos jovens vítimas de agressão são negros

Um estudo da Codeplan, divulgado ontem, mostra que das mortes motivadas por agressões contra jovens na capital federal, em 2011, 92,5% das vítimas eram do sexo masculino, entre as quais 88,1%, da raça negra.

O estudo mostrou ainda que a maior presença de jovens negros na população está na SCIA/Estrutural (79,5%), SIA (72,4%), São Sebastião (71,8%), Varjão (70,5%) e Paranoá (70%), “não por coincidência, localidades de menor renda”, observou a coordenadora da pesquisa, Jamila Zgiet.

Presente à divulgação, a diretora da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas da Presidência da República, Mônica Gomes, atribuiu o elevado índice de agressões aos jovens negros ao racismo, que diz não ser reconhecido no país. “É difícil superar um problema que não se assume”. E lembrou a importância de levar os programas de inclusão social às pessoas que deles necessitam, como os integrados ao Plano Juventude Viva, que cria oportunidades para jovens negros. “É preciso dizer: isso aqui é para você”.

Ela também destacou a importância do cuidado com a educação no ensino fundamental e médio, para evitar o abandono à escola e facilitar o acesso à universidade. “Há um gargalo no ensino intermediário”, apontou. Em relação as agressões, disse ser fundamental caracterizar o agressor, para deixar claro quando partem dos próprios jovens e quando provêm da força policial.

Entre os aglomerados subnormais – ocupações, comunidades sem acesso à infraestrutura urbana adequada -, habitados por 3,6% da população do DF, a grande maioria (70,4%) também é formada por negros. Além da habitação, a instrução é outro indicador das diferenças detectadas entre a população negra e não negra pelo estudo. Entre a população jovem, na faixa de 15 anos a 29 anos, 7,8% com curso superior completo são negros e 18,8% , não negros.

Os jovens negros também começam a trabalhar mais cedo. No grupo de idade entre 15 anos e 17 anos, 29,6% dos negros já trabalham, enquanto entre os não negros, o percentual é de 23,6%. “É preciso utilizar esses indicadores no dia a dia, transformá-los, sensibilizar a sociedade e melhorar as políticas no enfrentamento da vulnerabilidade”, disse o secretário especial de Promoção da Igualdade Racial do DF, Viridiano Custódio de Brito.

O coordenador de Juventude do DF, Carlos Alberto Odas chamou a atenção para o desafio das escolas, menos atrativas aos jovens do que as igrejas, mesmo com seus dogmas, que são característicos da religiões.

Jusçanio de Souza, gerente de Base de Dados da Codeplan, disse que o estudo é importante para a erradicação da desigualdade social na capital federal, além de contribuir na implementação do Juventude Viva pelo governo local.