Aproximação entre Irã e Ocidente é temida por Israel e Golfo
A melhoria das relações entre o Irã e o Ocidente tem sido analisada positivamente por atores políticos de diversos contextos. A mudança de governo no país persa, com ampla participação popular nas eleições, e a condução construtiva dos diálogos sobre o seu programa nuclear são ressaltados pelo portal iraniano HispanTV, nesta quinta-feira (24). Por outro lado, a inquietude de Israel com o desenvolvimento também é notada, assim como o seu receio de ficar isolado na hostilidade contra o Irã.
Publicado 24/10/2013 10:01

Os problemas surgidos em alguns países da Europa, assim como a massiva participação da nação iraniana nas eleições presidenciais provocaram o interesse pela melhora das relações com o Irã, de acordo com o presidente da Assembleia Consultiva Islâmica do país (Mayles), Ali Lariyani, em declarações desta quinta, citadas pela HispanTV.
O representante persa disse ter observado essa tendência durante a sua recente viagem a vários países europeus, quando notou a mudança de foco relativo às relações com o Irã.
Entretanto, além de os países ainda atuarem de acordo com seus próprios interesses, Israel continua mantendo uma forte influencia sobre o Congresso estadunidense, e as autoridades norte-americanas continuam afirmando o seu compromisso primordial com a “segurança” israelense, associando essa questão diretamente à pressão histórica sobre o Irã.
Instrumentos dessa posição são as sanções impostas pelos Estados Unidos e, depois, pela Organização das Nações Unidas e pela União Europeia contra a economia persa. Israel segue pressionando pela manutenção das sanções.
A posição é mantida embora o governo iraniano se demonstre comprometido com as negociações e o diálogo, inclusive sobre o programa nuclear pacífico a que tem direito, como membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP), ao qual Israel não ratificou.
Por outro lado, o governo iraniano reafirma o seu direito e a recusa em abrir mão deste direito, ao mesmo tempo em que tome posições e medidas que refletem a sua disposição à negociação diplomática.
Condução construtiva das negociações
Neste sentido, uma recente proposta apresentada pela delegação persa durante a última reunião com o G5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, como membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha) foi saudada pelo Ocidente e pela ONU, mas seus detalhes ainda não foram revelados.
Os diálogos têm sido classificados positivamente, e o presidente Hassan Rohani, reconhecido pelo empenho em prol da democracia e da moderação.
Durante as conversações, o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zairf, apresentou a proposta intitulada “Encerrar uma crise desnecessária, inaugurar um novo horizonte”, que foi considerada positiva pelo Ocidente para a continuação das conversações.
Teerã afirma acreditar que o caso nuclear iraniano possa se resolver em um ano, e durante este período, as sanções contra o país devem ser levantadas, de acordo com HispanTV, citando fontes da mídia europeia.
A proposta ainda é mantida em segredo, de acordo com Zarif, para a proteção da iniciativa diplomática contra a “sabotagem” de setores da esfera política persa que são contrários à negociação. Além disso, também tem como objetivo a prevenção contra especulações que podem ser prejudiciais ao ambiente construtivo e a demonstração de comprometimento e seriedade por parte do governo de Rohani.
Movimentação externa contra as negociações
Ainda que não haja relações diplomáticas entre Israel e os países árabes do Golfo Pérsico, vizinhos do Irã, a HispanTV cita informações de que as autoridades israelenses e árabes reúnem-se em segredo para coordenar posturas contrárias ao programa nuclear persa.
De acordo com o portal de noticias israelense Ynet, citado pela HispanTV, a rede de relações secretas se fortaleceu recentemente, depois da mudança no equilíbrio de poder no Oriente Médio, a favor da República Islâmica do Irã.
A boa acolhida internacional das posturas de conciliação do governo persa e da presidência de Rohani são exemplos do que é percebido por esses países como ameaças.
O portal israelense afirma que esses desenvolvimentos levaram alguns países árabes na região a considerar Israel como um aliado firme para a garantia dos seus interesses políticos e de segurança.
Com HispanTV,
Da redação do Vermelho