Líderes condenam anúncio israelense de expansão de colônias

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro do Interior, Gidéon Saar, aprovaram nesta quarta-feira (30) um programa de construção de 1.500 casas na colônia judaica em Jerusalém Oriental. De acordo com a mídia palestina, a vizinha Jordânia, a União Europeia e o Reino Unido estão entre os que já declararam condenar a decisão com veemência, já que ela continua ameaçando diretamente o processo de paz.

Demolição em Jerusalém Leste - EPA / Jim Hollander

Além das .1500 casas, o governo aprovou ainda a construção de parques e outras instalações auxiliares nesta região, que fica perto da Universidade Hebraica de Jerusalém, já em território palestino ocupado.

Segundo a mídia israelense, a decisão foi tomada após a libertação de 26 prisioneiros palestinos entre terça (29) e quarta-feira (30), o que provocou grande insatisfação de setores do governo e da sociedade israelense. Por isso, o projeto é considerado como uma concessão de Netanyahu a esses grupos.

O porta-voz da Jordânia, Mohammad Al-Momani, condenou a decisão do governo, classificando-a como inútil e inaceitável, e pediu pressão sobre o governo israelense para impedir todas as suas ações unilaterais. Al-Momani afirmou que a atitude de Israel consiste em uma ameaça direta ao processo de paz e viola também o espírito das dezenas de resoluções internacionais, que condenam a ocupação dos territórios palestinos.

Hanan Ashrawi, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) disse, nesta quinta (31), que os planos anunciados pelas autoridades israelenses são a prova de que Israel não é um parceiro adequado na construção da paz.

Ashrawi afirmou também que Israel demonstra não estar comprometido com uma solução de dois Estados, mas sim com a criação de um "Grande Israel", conforme os planos sionistas de colonização da Palestina.

Para o representante palestino, Israel mostra também que não é um membro da comunidade internacional comprometida e que respeita o vigor da lei. "A ocupação israelense está expondo suas reais intenções de criação do 'Grande Israel' ao invés de dois Estados", afirmou.

Ashrawi declarou ainda que o anúncio israelense é a mais recente "afronta dirigida ao secretário de Estado [dos EUA] John Kerry e aos esforços dos Estados Unidos", que levaram à retomada das negociações entre israelenses e palestinos, no fim de julho. Ao contrário de Israel, a Autoridade Palestina demanda o maior envolvimento direito dos EUA nas negociações, para a pressão contra as colônias e pela demarcação das fronteiras.

Condenação dos aliados

Somam-se à condenação das colônias o Reino Unido e a União Europeia, de acordo com a agência palestina de notícias Wafa. Ambos estão entre os aliados mais próximos de Israel, entrentanto, logo depois dos Estados Unidos, e a falta de pressão eficaz sobre o governo israelense tem permitido o desenvolvimento contínuo das medidas concretas de ocupação dos territórios palestinos, embora o Ocidente condene as atividades, retoricamente.

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, considerou "deplorável" o plano israelense de construção das novas unidades habitacionais nas colônias de Jerusalém Leste, no bairro de Shufat.

"A UE tem declarado repetidamente que as colônias são ilegais sob o direito internacional", disse ela, em um comunicado emitido nesta quinta-feira (31). A organização também instou Israel "a encerrar todas as atividades das colônias, inclusive o seu crescimento natural, e desmantelar as construções feitas desde março de 2001".

Ministro britânico para o Oriente Médio, Hugh Robertson disse que o Reino Unido "lamenta as decisões recentes das autoridades israelenses de avançar vários planos de assentamento em Jerusalém Leste e na Cisjordânia" também nesta quinta (31), em um comunicado emitido à imprensa.

“O Reino Unido tem condenado as colônias consistentemente, [pois] são ilegais dentro direito internacional, danificam a confiança e ameaçam a viabilidade da solução de dois Estados", reiterou o representante britânico.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também rechaçando a decisão, afirmou: “Quaisquer medidas que prejudicam as questões relacionadas ao estatuto final não serão reconhecidas pela comunidade internacional”, em referência ao acordo final para estabelecer um Estado palestino e a unidade do seu território, cada vez mais impossibilitada pela colonização sistemática.

Ashrawi, o membro da OLP, ressaltou: "Israel está voluntariamente e flagrantemente violando o direito internacional e os requisitos para a paz nesta última intensificação da expansão das colônias". Além disso, reiterou que os palestinos instam a "comunidade internacional a responsabilizar Israel por favorecerem suas próprias leis nacionais em detrimento das suas obrigações internacionais".

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho