Câmara de Salvador devolve mandato a prefeito deposto na ditadura

Uma sessão especial na Câmara Municipal de Salvador (CMS), marcada para o próximo dia 26, vai promover a devolução do mandato ao ex-prefeito da capital baiana, Virgildásio Sena, deposto no início da ditadura militar, em 1964. A devolução tem um caráter simbólico e visa corrigir a arbitrariedade cometida, através dos militares.

Virgildásio foi eleito pelo PTB em 1962 e empossado em abril do ano seguinte. Ficou conhecido, principalmente, pela conclusão das obras de construção da Avenida Centenário, que liga o bairro da Barra ao Dique do Tororó.

Obrigado a deixar o cargo antes do previsto, pelo golpe, Virgildásio governou Salvador por apenas um ano. Além de perder o mandato, o ex-prefeito também teve os direitos políticos cassados, com a vigência do Ato Institucional de nº 5 (AI-5), em 1968.

A iniciativa do legislativo municipal de devolver os mandatos de políticos cassados pela ditadura militar é inspirada nas devoluções já feitas pela Câmara dos Deputados. Para Everaldo Augusto, líder do PCdoB na CMS, a proposta é necessária para que seja conhecida essa página da história do país e desfeitas as injustiças cometidas.

“Essa devolução de mandato, ainda que seja simbólica, tem um super significado para a luta democrática porque preenche uma lacuna. O Estado ainda não havia reconhecido esses erros. Com esse reconhecimento, nós marcamos um ponto na luta democrática e na busca pela verdade”, afirmou o edil.

Com a abertura política no Brasil, na década de 1980, Virgildásio conseguiu se eleger deputado federal por duas vezes – na última, participou da Assembleia Constituinte. Natural de Santo Amaro, ele é formado em engenharia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, esse ano, completa 90 anos.

De Salvador,
Erikson Walla