União Patriótica apresenta candidata à Presidência da Colômbia

Aida Abella, sobrevivente do episódio conhecido como genocídio da União Patriótica (UP) da Colômbia, anunciou sua postulação como candidata presidencial nas eleições de 2014, durante o 5º Congresso da UP, celebrado neste domingo (17).

União Patriótica apresenta sua candidata à presidência - El Tiempo

Diante de mais de 2 mil pessoas presentes no auditório, a candidatura de Aida foi recebida com ânimo. "Aceito a candidatura à presidência da Colômbia e solicito garantias para o exercício da oposição", disse.

A União Patriótica recebeu de volta a sua personalidade jurídica em 9 de julho deste ano, abrindo a possibilidade das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) participarem da vida política e eleitoral do país. O fato foi considerado um passo adiante para a obtenção da paz e da normalidade democrática na Colômbia.

A União Patriótica é uma organização que surgiu no começo da década de 80, fruto dos acordos de paz entre as Farc e o governo conservador de Belizário Bettancourt. O partido obteve quase 400 mil votos e elegeu um número significativo de prefeitos, representantes na Câmara dos Deputados, senadores etc, mas foi atacada militarmente pela oligarquia a tal ponto que cerca de 2,5 mil militantes foram assassinados entre 1984 e 1995, incluindo a cúpula desse movimento.

Por isso, Aida esteve exilada por 17 anos, mas afirmou: "nunca fui embora, sempre levei a pátria dentro de mim".

"Aida é símbolo de esperança e carregarei para ela a mala de toda a Colômbia, se quer ser candidata", expressou a porta-voz da Marcha Patriótica, Piedad Córdoba, minutos depois que a candidata anunciou sua decisão.

"Esta candidatura é um símbolo de dignidade e uma certeza de que a paz se esta construindo, um passo na unidade da esquerda" comentou um dos assistentes ao Congresso, segundo informações da Prensa Latina. "Sentimos que estamos reconstruindo o partido da vida e da esperança, o partido que propôs o ideário que acumulou muitíssimos votos e foi submetido a um genocídio político", completou.

O parlamentar comentou também o reparo político da UP em entrevista ao diário colombiano El Tiempo: "tínhamos 14 parlamentares, ainda precisam nos devolver 14 escanos, essa é uma das fórmulas de consertar aquilo que foi feito". O parlamentar insistiu que a restituição da legalidade é apenas a fase inicial do que deve ser uma verdadeira reparação política.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações da Prensa Latina