Com mais confrontos, Exército mobiliza-se contra milícia na Líbia

Dezenas de tanques e blindados foram enviados nesta segunda-feira (18) para Trípoli, capital oficial da Líbia, depois dos confrontos que provocaram 46 mortes e 400 feridos durante o fim de semana. O governador militar de Bengasi, capital provisória, foi alvo de uma tentativa de homicídio. Confrontos entre grupos milicianos que combateram as tropas do ex-presidente Muammar Kadafi, o Exército e manifestantes contra o descontrole sobre os paramilitares voltaram a desestabilizar o país.

Líbia - Mahmud Turkia / AFP

Depois da morte de 46 pessoas, o governo interino da Líbia decidiu usar as forças armadas para conter a situação na capital. "Numerosas unidades do exército nacional estão prestes a entrar na cidade de Trípoli através de várias áreas, com o objetivo de garantir a sua segurança", de acordo com um comunicado do governo, citado pela agência de notícias AFP. Os militares entraram no centro da cidade enquanto faziam sinal de vitória, enquanto vários automobilistas apitavam à sua passagem.

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As tensões entre os grupos armados em Trípoli e as milícias de Misrata (200 km ao leste da capital) tiveram início na segunda-feira. As autoridades desta cidade deram 72 horas para que os milicianos se retirem de Trípoli, e temem que os confrontos "afetem a imagem da cidade e a mostrem como um obstáculo à construção do Estado", de acordo com um responsável citado pela AFP. Alguns membros das milícias de Misrata já abandonaram a capital líbia, mas muitos ainda permanecem.

Os responsáveis locais de Trípoli já haviam instado o governo do primeiro-ministro Ali Zeidan a tomar providências para controlar as milícias. No domingo (17), o líder do Conselho da Cidade, Sadat al-Badri, anunciou uma greve de três dias, numa manifestação do descontentamento da população para com os intermináveis combates entre milícias.

Desde o final da guerra civil, há dois anos, as forças armadas continuam desorganizadas e com pouca preparação, e os grupos paramilitares foram tolerados.

Organizações internacionais e grupos civis líbios têm apelado ao governo líbio para que cumpra a sua promessa de desarmar as milícias e investigue os acontecimentos dos últimos dias.
A agência nacional de notícias Lana dá ainda conta do assassinato de um ex-comandante rebelde, presidente do conselho militar da cidade de Al-Ajilat (no oeste do país), Youssef al-Atrach, no domingo, por desconhecidos.

Já na manhã desta segunda, o governador militar de Bengazi, Abdallah al-Saiti, foi alvo de uma tentativa de assassinato, de acordo com fontes ouvidas pela AFP. Um explosivo estourou num local por onde passava a comitiva do governador, matando uma pessoa e ferindo outra gravemente.

"Os peritos em explosivos estão conduzindo uma investigação na zona para determinar de que maneira foi atacada a comitiva e qual foi a quantidade de explosivos utilizada", explicou Abdallah al-Zaidi o porta-voz da Câmara Comum de Segurança, um organismo onde estão representados todos os órgãos encarregados da segurança em Bengazi.

Desde a derrubada e assassinato de Khadafi, a região tem sido palco de vários atentados e homicídios, atribuídos a grupos extremistas islâmicos, e a falta de atuação das forças oficiais causou a revolta dos residentes locais.

Com informações do Público,
Da redação do Vermelho