Acordo inicial do Irã com G5+1 alcança ampla repercussão no mundo

Depois de cinco dias de intensas conversações sobre o programa nuclear iraniano, o país persa e o Grupo 5+1 (G5+1) chegaram a um acordo na madrugada deste domingo (24) em Genebra. O G5+1 é formado pelos países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França – mais a Alemanha.

O acordo parcial alcançado inclui a redução das atividades nucleares do Irã, inicialmente por seis meses, em troca de uma retirada limitada das sanções.

Isto implicará para Teerã um oxigênio financeiro de cerca de US$ 7 bilhões, embora continue o cerco às exportações de petróleo e às transações com o exterior.

Os Estados Unidos manifestaram satisfação com o acordo alcançado em Genebra sobre o programa nuclear iraniano, o que está sendo considerado um primeiro passo, em meio a desconfianças.

Depois de conhecer a informação sobre o acordo, o presidente Barack Obama pediu aos congressistas que se abstenham de impulsionar as sanções durante a etapa de negociações.

O presidente iraniano, Hasan Rohani, assegurou que o acordo nuclear entre as grandes potências e o Irã "beneficia todos os países da região e a paz mundial".

Rohani atribuiu o acordo ao "compromisso construtivo", ao apoio popular iraniano, assim como à "moderação" e aos "esforços incansáveis" das delegações nos diálogos em Genebra. O presidente do país persa considerou ainda que o acordo abre novos horizontes.

Por seu turno, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, durante sua aparição no espaço “State of the Nation” da rede de televisão CNN, disse que seu país e os demais negociadores estão com os olhos bem abertos.

A perspectiva de um acordo definitivo com o Irã "não é uma questão de confiança”, mas de verificar se os iranianos estão renunciando à possibilidade das armas nucleares, como exige Washington.
Kerry insistiu em que esta "verificação é a chave, enquanto negociamos o acordo integral", ao sublinhar que "não nos permitimos ilusões".

É a primeira vez em quase uma década que se alcança um acordo como este, disseram autoridades estadunidenses, segundo um artigo publicado na edição impressa dominical do jornal The New York Times.

Observadores opinam que as potências ocidentais não têm o direito de impor sanções contra o Irã e que se chegou a um pacto que permitiria à nação persa algum alívio das medidas restritivas.
O representante democrata no Comitê de Relações Exteriores da Câmara, Eliot Engel,assinalou que o acordo provisório deveria ter forçado o Irã a abandonar o enriquecimento nuclear desde já.
Já o senador John Cornyn escreveu no Twitter: "É incrível o que a Casa Branca faz para desviar a atenção do Obamacare", em alusão à lei de reforma da saúde impulsionada pelo presidente estadunidense, Barack Obama.

O Congresso dos Estados Unidos reforçará as sanções contra o Irã em caso de insatisfações a respeito do acordo parcial sobre seu programa nuclear, advertiram neste domingo vários legisladores.

Segundo o senador republicano Mark Kirk, ele continuará trabalhando com seus colegas para "elaborar leis que imponham novas sanções econômicas se o Irã não respeitar este acordo ou se o desmantelamento da infraestrutura nuclear iraniana não começar neste período de seis meses".

Por sua parte, o também senador republicano Lindsey Graham, membro do grupo que projeta a nova bateria de medidas restritivas, afirmou à rede de TV CNN que o Capitólio aprovará mais sanções mas estas não entrarão em vigor antes de seis meses.

Rússia

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, também apoiou o acordo firmado entre o Irã e o Grupo 5+1, ao insistir em que neste acordo ambas as partes saem ganhando.

"No acordo entre o Irã e o G5+1 não há nenhum perdedor, ambas as partes são ganhadoras”, afirmou o chanceler aos jornalistas.

Lavrov pontuou que este pacto é resultado de anos de prolongadas conversações entre as partes e consiste no reconhecimento do direito ao país persa ao enriquecimento de urânio.

"Este acordo mostra que nós reconhecemos o direito iraniano ao uso pacífico da energia nuclear e ao enriquecimento de urânio, estamos convencidos de que também se resolvem os assuntos restantes sobre o programa de energia nuclear do Irã", enfatizou.

Igualmente, Lavrov expressou sua confiança em que o Irã colabora "de boa fé" com os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para reduzir as "tensões desnecessárias".

ONU

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, acolheu "calorosamente" com satisfação o acordo entre o Irã e as seis potências mundiais sobre o programa nuclear iraniano.

Através de um comunicado divulgado neste domingo, o dirigente da ONU "felicita os negociadores pelos progressos conseguidos (durante seus diálogos em Genebra), os quais poderiam chegar a ser o começo de um acordo histórico para os povos e nações da região do Oriente Médio e mais além".

Síria

A chancelaria síria manifestou neste domingo sua satisfação com o acordo alcançado entre o Irã e o Grupo 5+1, por considerar que defende os interesses do povo iraniano e reconhece seu direito ao uso da energia nuclear para fins pacíficos.

Uma declaração do Ministério das Relações Exteriores da Síria sustenta que a obtenção deste acordo prova que as soluções políticas das crises na região são a via mais eficaz para garantir a segurança e a estabilidade, longe da intervenção externa e da ameaça de usar a força.

O entendimento a que se chegou a respeito do programa nuclear iraniano abre o caminho a um esforço internacional para eliminar todo tipo de armas de destruição em massa na região do Oriente Médio, sobretudo depois da adesão da Síria à Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas, agrega. Segundo a nota, o único obstáculo que permanece em relação a esse objetivo é o fato de que Israel permanece como a única parte que possui armamento nuclear e se recusa a incluir suas instalações sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica.

A Chancelaria síria ressalta que o acordo confirma novamente o importante papel do Irã na segurança e estabilidade da região.

Egito

Também o Egito expressou sua satisfação com o acordo firmado entre o Irã e o Grupo 5+1. Em comunicado emitido neste domingo, o país considerou que o pacto aproxima "um acordo permanente sobre o programa nuclear iraniano que tenha em conta as preocupações de segurança de todos os países da região".

Regime sionista

A única nota negativa vem do regime israelense. O chanceler de Israel, Avigdor Liberman, lamentou neste domingo a maior vitória diplomática do Irã.

“Este acordo é a melhor vitória diplomática para o Irã e segundo este, foi reconhecido o direito iraniano de enriquecer”, declarou o ministro israelense de Assuntos Exteriores.

Do mesmo modo, outras autoridades do regime de Tel Aviv censuraram os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) mais a Alemanha de cair no “autoengano” e de “conceder exatamente o que o Irã queria”.

Neste sentido, o primeiro-ministro do regime israelense, Benjamin Netanyahu, criticou o acordo firmado entre o Irã e o Sexteto, catalogando-o como um “mau negócio”.

Conselho Mundial da Paz

Em declarações por telefone desde Caracas, onde se encontra coordenando a reunião do Comitê Executivo do Conselho Mundial da Paz, a presidenta da entidade, Socorro Gomes, considerou o acordo entre o Irã e o Grupo 5+1 um “passo inicial”.

A dirigente considera justo o pleito iraniano de desenvolver seu programa nuclear com fins pacíficos e condenou as sanções que o país persa sofre, o que em sua opinião “atinge os direitos do povo iraniano e sua soberania”.

Socorro Gomes defende “por princípio” a “eliminação de todas as armas nucleares” e apoia a exigência de realizar uma Conferência Internacional para criar uma Zona Livre de Armas Nucleares no Oriente Médio, objetivo que , segundo ela, tem sido sistematicamente boicotado pelo imperialismo estadunidense e o regime sionista israelense.

Da Redação do Vermelho, com agências