Urariano Mota: Valmir Jordão, poeta, irreverente e feroz

"Irreverente, meado de altura, um feroz humor. Autor de versos que hoje correm o mundo, tão antológicos que viraram quase domínio público", essas e muitas outras palavras foram usadas pelo escritor e jornalista pernambucano Urariano Mota para externar suas impressões sobre o poeta, também pernambucano, Valmir Jordão. A Coluna Prosa, Poesia e Política dessa semana conta um pouco da história desse artista nordestino. 

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo 

De acordo com Urariano Mota, Valmir Jordão vem de uma geração que se convencionou chamar de poetas marginais do Recife. Com mais propriedade poderia ser dito que ele é herdeiro de uma geração de poetas radicais, que escrevem poesia além das páginas, na própria vida, no próprio corpo. Como uma tatuagem.

A seguir um techo de um poema de Valmir Jordão:

AH, RECIFE

Dizem os bardos que uma cidade
é feita
de homens,
com várias mãos
e
o sentimento do mundo.

Assim Recife nasceu no cais
de um azul marinho e celestial,
onde suas artérias evocam:

Aurora, Saudade, Concórdia,
Soledade,
União, Prazeres, Alegria e Glória.

Mas nos deixa no chão,
atolados na lama
de sua indiferença aluviônica:

a ver navios com suas hordas
invasoras
e o Atlântico
como possibilidade
de saída…

Ouça a coluna na Rádio Vermelho: