Pressão ocidental levou Ucrânia a uma encruzilhada

O governo da Ucrânia anunciou que discutirá nesta segunda-feira a situação do país com os membros do partido dirigente. Os protestos no centro da cidade permanecem: a oposição continua a insistir na renúncia do governo e exige a introdução de uma moratória sobre a adesão da Ucrânia à União Aduaneira com a Rússia. A União Europeia, por sua vez, suspendeu a preparação do acordo com a Ucrânia e vai considerar esta questão na cúpula de Bruxelas, de 19 a 20 de dezembro.

Na reunião desta segunda, o governo irá discutir o orçamento para o próximo ano e considerar a situação econômica e política do país. Segundo especialistas, não vale a pena esperar quaisquer resultados concretos desta reunião. Agora, o objetivo principal das autoridades é elaborar uma política comum nestas condições difíceis. Afinal, o partido dirigente tem de lidar não só com a oposição na praça da Independência (Maidan Nezaliéjnosti), mas também com contradições internas.

“No início de dezembro, alguns deputados do Partido das Regiões declararam a sua saída da facção. Agora não existe uma equipe unida de governo legítimo. Ela quase não existia antes, mas agora a divisão só está ficando maior. Se esta ação acontecer, aparentemente, iremos observar um processo rápido e não muito controlado por Ianukovitch de desintegração de toda a estrutura de poder. Pode também ocorrer uma divisão nas estruturas de força”, acredita o diretor-geral do Conselho de estratégia nacional Valery Khomiakov.

Entretanto, o comissário europeu Stefan Fule disse na Internet que o trabalho sobre o acordo com a Ucrânia foi suspenso. Isto pode ser visto como uma tentativa de exercer pressão sobre as autoridades ucranianas e acelerar a decisão sobre a associação com a União Europeia.

“As declarações de alguns representantes da União Europeia de que a UE está supostamente suspendendo o processo de assinatura do acordo são finais – são um teste, uma sondagem da situação, não houve declarações oficiais de Bruxelas. O propósito é palpar a situação e adaptá-la a um formato favorável para a UE. E a União Europeia se está comportando de forma cada vez mais difícil”, nota o vice-presidente do centro de modelação de desenvolvimento estratégico Grigory Trofimchuk.

A situação na Ucrânia será discutida na cúpula de Bruxelas, de 19 a 20 de dezembro. É um sinal bastante claro para Kiev: tudo o que a Europa podia oferecer à Ucrânia, ela já ofereceu, e não se deve esperar por preferências adicionais,

“O único propósito da reunião da UE sobre a situação na Ucrânia é a emissão de certos sinais para Kiev de que a UE está disposta a assinar um acordo de associação, mas sem quaisquer preferências adicionais. A União Europeia não vai fechar as portas, e é isso que ela quer dizer a Kiev. Os líderes da UE percebem que a situação pode se desenvolver de qualquer maneira, e por isso estão se movendo com muita cautela nessa direção”, diz Grigory Trofimchuk.

Os Estados Unidos também estão tentando exercer pressão sobre Kiev. Políticos americanos aparecem regularmente na praça da Independência e se encontram com a oposição. No domingo, falaram aos manifestantes os senadores John McCain e Christopher Murphy. Em seguida, eles se encontraram com Viktor Ianukovitch. Os políticos norte-americanos ameaçaram Kiev com sanções se as autoridades usarem força contra os manifestantes.

O presidente ucraniano garantiu-lhes que os comícios não serão dispersos, e que o país vai continuar o curso da integração europeia. O governo ucraniano está contando com negociações tripartites com a Europa e a Rússia em relação ao seu sistema de transporte de gás.

E em 17 de dezembro, na reunião da Comissão Interestadual russo-ucraniana em Moscou, as autoridades ucranianas esperam chegar a um acordo com a Rússia para reduzir os preços do gás. O Kremlin não exclui que num futuro próximo pode ser tomada a decisão de conceder um empréstimo à Ucrânia.

Fonte: Voz da Rússia