Ucrânia e UE suspendem negociações; EUA apoiam protestos

A União Europeia e a Ucrânia cortaram as negociações, neste domingo (15), sobre o acordo comercial abrangente que manifestantes têm defendido há semanas, em protestos já avaliados por inúmeros críticos como uma tentativa de golpe contra o governo. Na contramão, o chefe do bloco que defende a expansão da organização, Stefan Füle publicou no Twitter uma alegação raivosa contra o presidente ucraniano, Viktor F. Yanukovitch.

Senadores dos EUA - Getty Images

No domingo, centenas de milhares de manifestantes reuniram-se na praça principal e nas ruas adjacentes, na capital ucraniana, Kiev.

Enquanto o governo da Ucrânia avalia a aproximação comercial à Rússia – embora o presidente Vladmir Putin tenha enfatizado não ser contrário ao fortalecimento das relações ucranianas com a UE –, os manifestantes criticam o governo por não assinar o acordo comercial com uma Europa decadente imersa na crise.

Por outro lado, autoridades da organização regional alegam uma “ambiguidade” do governo ucraniano e afirmam que, caso as negociações sejam retomadas, a Ucrânia “deverá mudar”. A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, confirmou a decisão de suspender as conversações, uma medida que pode acirrar os ânimos no país.

A assinatura do acordo estava prevista para o final de novembro, depois de anos de negociações, mas as medidas de arrocho impostas pela troika de credores UE, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional aos países que recebem seus “pacotes de ajuda financeira” afastaram o governo ucraniano desta opção.

Além disso, a preferência pela aproximação com a Rússia também é um fator decisivo, uma vez que a Ucrânia está negociando a sua integração a uma união aduaneira regional, mas que não exclui definitivamente a opção pelo acordo com a UE, segundo o presidente Yanukovitch.

Em encontro com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, o presidente teria afirmado que pretende assinar o acordo quando as condições estiverem mais favoráveis, segundo o jornal estadunidense The New York Times.

Os manifestantes favoráveis à filiação da Ucrânia à UE foram apoiados neste domingo por senadores republicanos e democratas dos EUA, segundo o jornal, citando John McCain e Christopher S. Murphy, ambos membros do Comitê de Relações Exteriores.

“Estamos aqui para apoiar a sua causa justa: o direito soberano dos ucranianos de determinar seu próprio destino”, disse McCain, decretando que “o destino que buscam está na Europa. A Ucrânia tornará a Europa melhor, e a Europa tornará a Ucrânia melhor.”

A controvérsia e a indução evidenciam-se como ingerência política, porém, quando os dois senadores afirmam que o Senado consideraria a imposição de sanções contra o governo ucraniano “caso haja mais violência contra os manifestantes.”

McCain chega a acusar a Rússia, entretanto, de “interferência nos assuntos soberanos da Ucrânia”, enquanto dizia não ver contradições na sua presença diante de uma multidão que pedia a destituição do primeiro-ministro Mykola Azarov.

Os dois senadores também encontraram-se com o presidente Yanukovitch, com a alegação de preocupação pela proteção dos direitos humanos e da liberdade de expressão, enquanto o presidente garantiu que “o governo fará todo o possível para assegurar o direito às manifestações pacíficas”, explica o New York Times.

Yanukovich deve encontrar-se com Putin nesta semana para discutir a ajuda financeira da Rússia à Ucrânia, mas a oposição diz temer que ambos assinem um acordo sobre a integração ucraniana à União Aduaneira já em vigor entre a Rússia, o Cazaquistão e Belarus.

Da redação do Vermelho,
Com informações do New York Times