Paraguai: Camponeses denunciam abuso de grandes produtores

Membros da Comissão Especial do Senado do Paraguai se reuniram nesta quinta-feira (2) com camponeses da zona de Crecêncio González e 8 de Dezembro, em Curugaty (onde aconteceu o massacre em junho de 2012) para debater a atuação policial e fiscal nos casos de proteção à fumigação ilegal nas zonas rurais.

Por Mariana Serafini, do Portal Vermelho

senadores paraguaios em Curuguaty

O Paraguai, um dos maiores produtores de soja da América Latina, tem uma fiscalização sobre os agrotóxicos e transgênicos menor que em outros países. Além disso, a corrupção policial em favor dos grandes produtores é altíssima.

Em meados de novembro, uma foto ficou famosa no país porque registrava uma força policial defendendo um campo de soja que estava recebendo fumigação ilegal. A atitude dos policias que se expuseram de tal forma aos agrotóxicos, sem pensar em consequências futuras, impressionou a população e, principalmente, especialistas na área da saúde.

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Em Curuguaty, os senadores que compõem a Comissão Especial ingressaram nos grandes campos de plantação de soja, e constataram a morte de oito animais, de uma propriedade próxima, que ingeriram água contaminada com resíduos de agrotóxicos. Da mesma forma, as pessoas que vivem nas cercanias estão expostas ao risco de morte.

Na ocasião os camponeses exigiram uma solução imediata para a questão da fumigação ilegal e o cultivo de soja em zonas habitadas. Eles já realizaram diversas manifestações contra este processo devastador que domina não só a região de Curuguaty, mas grande parte do país.

Frequentemente os camponeses travam enfrentamento contra a polícia para defender suas propriedades. Há quase um mês, dois camponeses estão presos, e gravemente feridos, devido à ação policial em uma plantação de soja. 

A Comissão Especial, criada em dezembro de 2013, já advertiu que “o policial, ou militar, que apoiar o processo ilícito de fumigação se expõe a uma sanção penal de 10 anos sem poder exercer qualquer cargo na função pública”.