Genebra 2: Governo da Síria e rebeldes dialogarão neste sábado

O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Lakhdar Brahimi, deu declarações sobre suas reuniões com a delegação do governo sírio e com a da Coalizão Nacional Síria (CNS), que afirma representar a oposição, nesta sexta-feira (24). No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Al-Moallem garantiu que a sua delegação está preparada para conversações e compromissos sérios. Segundo Brahimi, as duas delegações devem reunir-se para dialogar no sábado (25).

Síria Genebra 2 - Sana

Durante uma coletiva de imprensa nesta sexta, citada pela agência síria de notícias Sana – no âmbito da Conferência Internacional sobre a Síria “Genebra 2”, na Suíça – Brahimi disse esperar que “aqueles que apoiam um ou os dois lados entendam os riscos iminentes e cumpram suas responsabilidades em apoiar este processo.”

Brahimi reuniu-se com as delegações na quinta (23) e nesta sexta (24) para preparar os procedimentos para um diálogo construtivo, embora o governo sírio venha denunciando tanto o apoio destrutivo do Ocidente e de países vizinhos aos grupos armados que lutam contra as forças oficiais quanto a falta de representatividade da chamada “oposição” em Genebra.

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De acordo com o ministro de Estado para a Reconciliação Nacional, Ali Haidar, em declarações à Sana nesta quinta, a delegação da CNS “falam através do discurso dos Estados Unidos e da Arábia Saudita” e não têm representatividade real no país. O ministro enfatiza que os EUA têm impedido a oposição genuína, com quem o governo já dialoga, na Síria, de participar das negociações a nível internacional.

Ainda assim, Brahimi disse desejar que o governo sírio, a oposição e a ONU “salvem a Síria”, e ressaltou que “ninguém quer que o terrorismo continue no país exceto os próprios terroristas,” reiterando uma reivindicação que o governo já vinha fazendo: o apoio na luta antiterrorista como prioridade para a estabilização do país.

O envolvimento de grupos extremistas como o “Estado Islâmico do Iraque e do Levante”, da “Frente Islâmica” e da “Frente al-Nusra”, todas ligadas à rede terrorista Al-Qaeda, é frequentemente denunciado pelas autoridades sírias, assim como o apoio que esses grupos recebem de países como a Arábia Saudita, a Turquia e, até recentemente, do Catar.

Brahimi disse que a conferência Genebra 2, uma continuidade da primeira rodada, realizada ainda em junho de 2012, tem sido conduzida sem precondições, embora a CNS viesse impondo dificuldades fundamentais à inauguração da reunião há meses, com a exigência, por exemplo, da demissão do presidente Bashar al-Assad, com o respaldo declarado dos Estados Unidos e de países europeus cuja ingerência na crise e no conflito armado permitiu com que a situação se prolongasse por três anos, afetando milhões de sírios.

Da redação do Vermelho,
Com informações da agência síria Sana.