Conversações de Genebra sobre a Síria têm poucas chances de êxito

Enquanto os olhos de todo o mundo estão voltados para a cidade suíça de Genebra para ver se se encontra uma solução pacífica para pôr fim a uma crise de quase três anos na Síria, as expectativas de êxito são cada vez menores.

O enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe para a Síria, Lajdar Brahimi, conseguiu no sábado reunir a delegação de Damasco e a denominada oposição, respaldada por estrangeiros em uma mesma sala.

Depois de duas jornadas de encontro, um de manhã e outro à tarde, o mediador internacional declarou à imprensa que não conseguiu grandes avanços. Contudo, insistiu na necessidade de continuar o processo de diálogo. Fontes da ONU em Genebra assinalaram que Brahimi continuará tentando encontrar pontos comuns entre as duas partes.

“No momento não conseguimos grande coisa, mas continuamos insistindo”, disse Brahimi, que atuou em ambas as reuniões como enlace entre as partes que, na verdade, não mantiveram conversações diretas.

Nos encontros do sábado, falou-se sobre a possibilidade de um cessar-fogo temporário que permita, a partir da segunda-feira (27) a abertura de um corredor humanitário às cidades que foram mais afetadas pelo conflito armado no território sírio.

De qualquer maneira, os representantes do governo sírio e os opositores acordaram reunir-se outra vez neste domingo com a finalidade de abordar a libertação dos prisioneiros que tanto o Exército sírio como os grupos armados opositores têm em seu poder, e as pessoas que foram sequestradas pelos terroristas que operam no país árabe.

A delegação oficial síria insistiu na importância de encontrar soluções para garantir o acesso humanitário a todas as áreas necessitadas, mas a delegação da chamada “Coalizão da oposição” insistia em falar apenas de uma pequena área de Homs.

A agência noticiosa síria Sana informou que durante a sessão de conversações do sábado à tarde a delegação oficial síria afirmou que chegou a Genebra com a esperança de encontrar uma solução clara e radical aos problemas humanitários, de segurança e políticos, e não só para conseguir uma curta trégua para uma área muito pequeña..

Também afirmou que a delegação da “oposição” exige enviar ajuda a uma determinada zona de Homs e a delegação oficial afirma que o Estado faz chegar as ajudas diariamente a todas as zonas a que tem acesso e que está preocupado com todos os cidadãos, não só com aqueles em uma área específica.

O governo sírio argumenta que não se pode começar pelo problema humanitário antes de tomar as medidas de segurança sobre o terreno porque as equipes que levam ajuda humanitária são objeto de ataques e atentados. A delegação oficial síria exigiu que a ONU, representada por Brahimi, detenha o terrorismo sobre a totalidade do território sírio.

As partes se reúnem em momentos nos quais as diferenças fundamentais polarizam o ambiente de diálogo. Damasco se negou a aceitar um governo de transição, tese principal da oposição apoiada pelas potências imperialistas.

Rússia: nenhuma conversa com terroristas

O ministro de Assuntos Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, rechaçou neste domingo (26) manter qualquer diálogo con os grupos terroristas que lutam contra o Exército sírio.

Durante uma entrevista concedida à rede russa ‘NTV’, o chanceler russo deixou claro que “não se realizará, sob nenhuma circunstância”, uma conversação com os grupos armados que operam na Síria.

Lavrov também assegurou que nos diálogos, conhecidos como Genebra 2, não têm lugar grupos terroristas como a Frente al-Nursa, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), nem outras divisões da Al-Qaeda.

Por seu turno, o embaixador sírio nas Nações Unidas e chefe da equipe negociadora do governo sírio na Conferência de Genebra 2, Bashar al-Yafari, assegurou que a oposição síria não respeita as normas estabelecidas para estas conversações.

Com Hispan TV e Agência Sana

Arualizado às 12h55 para acréscimo de informações