Governo da Síria e oposição discutem assistência humanitária

O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Lakhdar Brahimi participou, no domingo (27), de uma sessão de diálogo entre a delegação do governo e a delegação da Coalizão Nacional Síria (CNS), que se apresenta como a “oposição”, na Conferência Internacional “Genebra 2”, na Suíça. A Síria tem ressaltado a urgência da assistência humanitária a todo o país, e Brahimi reconheceu a urgência do combate ao terrorismo apontada pelo governo.

Síria emergência humanitária - AFP Photo

A delegação oficial da Síria ressaltou, na reunião de domingo, que a questão sobre a entrega de assistência humanitária tem estado sobre a mesa há mais de um ano, com o plano de resposta elaborado pelo governo e pela ONU para o envio de ajuda inclusive a Homs, uma das localidades mais afetadas pelo conflito, com grande presença dos grupos rebeldes.

A delegação insistiu que não distingue entre os diferentes cidadãos ou entre as regiões para a entrega de assistência, enquanto o grupo que afirma representar a oposição enfatizou apenas a emergência vivida pela parte antiga de Homs.

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Os representantes do governo indagaram a capacidade dos delegados da CNS em garantir a implementação de qualquer acordo, uma vez que eles afirmaram não ter “controle sobre os grupos armados”, quando tentaram se eximir da violência disseminada pelo país. O grupo também não respondeu aos pedidos de libertação de civis sitiados ou sequestrados.

A delegação oficial também se afirmou compromissada com a discussão de todas as questões, mas levantaram questões sobre o curso político das negociações, enquanto há terrorismo ainda ativo e espalhado por todo o país. Por isso, o governo reafirma que a sua prioridade é, de fato, o combate aos grupos terroristas.

No sábado (25), Brahimi havia dito que a discussão sobre questões humanitárias estava sendo iniciada. O dia não foi muito produtivo, de acordo com ele, formulando expectativas sobre a continuidade das negociações no dia seguinte.

Além das questões humanitárias, no domingo também foi discutida a troca de prisioneiros. “Isto deve ser suficiente para a introdução das conversações”, disse Brahimi. Para ele, o ideal seria a sua continuidade pelos próximos dias, ou até semanas.

O representante da ONU informou também que a emergência vivida por Homs havia sido discutida com o governo sírio, em Damasco, antes do início da conferência, e que os esforços nesse sentido ainda estão sendo mantidos. Entretanto, o governo tem apontado para as situações catastróficas vividas também por outras regiões.

Brahimi descreveu o plano de ação como “um bom começo”, embora as duas delegações tenham enfatizado a complexidade da situação e do progresso. Para ele, que citou a preocupação com o terrorismo, o objetivo é finalizar a guerra, que criou o ambiente propício para o crescimento dessas ações no país.

Comunicado sobre a transição

Para Brahimi, o Comunicado de Genebra, emitido em junho de 2012, quando foi realizada a primeira conferência internacional sobre a Síria (“Genebra 1”), é o principal ponto resultar da conferência deste ano, realizada com atraso significativo devido à recusa da delegação da CNS, apesar do compromisso do governo com o diálogo.

Por outro lado, o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, disse que o comunicado, ao contrário do que diz a oposição e seus aliados, como os EUA e outros países da região, não estipula a saída de qualquer um do governo na Síria. "Ao contrário, ressalta a necessidade de os sírios coordenarem, juntos, com base no comunicado, os princípios para o período de transição, para que todos fiquem satisfeitos."

Além disso, ele enfatizou que o documento afirma a necessidade de preservação das instituições estruturais da sociedade síria, inclusive o Exército e a segurança. O chanceler também disse que a Rússia se opõe à imposição do diálogo entre o governo e os "grupos terroristas".

"Isso é contra os nossos princípios, e não aconselharemos outros a fazerem-no", disse ele, citado pela emissora Russia Today, no domingo.

Da redação do Vermelho,
Com informações da agência de notícias Sana.