Morre Gladys Sannemann, histórica militante da esquerda paraguaia

Na manhã desta quinta-feira (30), o Paraguai amanheceu triste com a notícia da morte da militante de esquerda Gladys Sannemann. Aos 84 anos, Gladys encerra sua história de luta por um Paraguai mais justo e uma América Latina livre de opressores. Durante a Ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), Gladys foi uma importante militante pela democracia na América Latina. Seu corpo será sepultado na manhã deste sábado (1) em Assunção.

Por Mariana Serafini, do Portal Vermelho

Gladys Sannemann

Por muitas vezes acolheu militantes comunistas em sua casa, que viviam na clandestinidade. Quando eclodiu o Golpe Militar na Argentina em 1976, Gladys estava na fronteira entre os três países, foi presa e enviada clandestinamente a Assunção. Sobrevivente das torturas stronistas, foi salva graças à sua cidadania alemã. Passou boa parte da vida exilada na Alemanha.

Quando voltou à América Latina escolheu Foz do Iguaçu, no interior do Paraná, para viver. Lá era famosa por atender toda a colônia paraguaia da região com tratamentos de saúde sem cobrar pelos serviços. Mesmo debilitada por conta das torturas, Gladys sempre seguiu sua luta.

Escreveu diversos livros, sua obra mais recente foi publicada em dezembro de 2013, “O Paraguai e a Operação Condor”. O escritor Alfredo Boccia comenta sobre o meticuloso trabalho de Gladys: “antes ainda que se descobrissem os Arquivos do Terror, ela já tinha retratado com grande precisão o modo de manejo e as relações de cooperação que existiam entre as ditaduras militares dos anos 70”.