Irã anuncia acordo com agência nuclear, mas reafirma direitos

Na noite deste domingo (9), Said Jalili, ex-secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e atual membro do Conselho de Discernimento (que media conflitos entre o parlamento e o Conselho dos Guardiões e serve de conselheiro do Líder Supremo), disse que o país continua protegendo seus direitos relativos ao programa nuclear de fins civis e mantém o compromisso com a não proliferação das armas nucleares. Jalili falou sobre a política externa do país e sobre a pressão ocidental.

Arak - Associated Press Photo

“O Irã, como o resto dos membros do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), conta com uma série de direitos legais e não aceitará mais obrigações em troca de menos direitos,” disse o conselheiro, citado pela emissora iraniana HispanTV, abordando o programa persa e as negociações com o Grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e a Alemanha)

Para Jalili, os direitos da nação e de um país são inegociáveis. Por outro lado, os Estados Unidos, principal promotor das sanções contra o Irã e das acusações contra o seu programa nuclear, “não podem determinar quais são os direitos do povo iraniano”, continuou.

“As potências hegemônicas enfrentam o Irã constantemente, mas a nação iraniana,” continuou, explicando a importância dos valores islâmicos (que, de acordo com o governo persa, não permitiria o desenvolvimento de armas nucleares, mas também exige a proteção dos interesses da nação), “soube se defender do inimigo a todos os níveis.”

Sobre o programa de tratamento do urânio, Jalili explicou que o Irã atingia níveis de 20% de enriquecimento para abastecer as necessidades médicas de 850 mil pacientes enfermos. Entretanto, o nível de enriquecimento teve de ser rebaixado para 5%, já que o Ocidente acusava os persas de atingirem antes o nível necessário para a produção de armas nucleares.

O conselheiro também aludiu à estratégia política de “flexibilidade heroica” do seu governo. “A política externa do Irã,” disse, “baseia-se em três princípios: honra, sabedoria e conveniência, e no caso nuclear iraniano, esta mesma política insiste em não renunciar aos direitos da nação e a não recuar ante as exigências.”

Já com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da qual o Irã é membro, a emissora HispanTV cita os sete pontos práticos acordados pela Organização de Energia Atômica do Irã, divulgados também neste domingo, depois de dois dias de negociações, através de um comunicado conjunto, para aumentar a transparência do programa nuclear persa.

Compromisso soberano com a diplomacia

Segundo o documento, as medidas serão implementadas até 15 de maio e envolvem, além dos passos acordados com o G5+1, um cronograma de cooperação bilateral em certas questões pendentes.

Entre elas estão a entrega de informação e acesso controlado à mina de Saqand, à planta de Ardakan, a materiais primários ainda não trabalhados, de informação e inspeção do potente reator IR-40 (nas instalações de Arak), as visitas técnicas a Laskarabad (um centro com equipamentos de laser), e o relatório para a avaliação, pela AIEA, sobre o uso da nova geração de detonadores.

Depois da assinatura do acordo, Teerã decidiu permitir aos inspetores da agência o acesso à planta de água pesada (deuterada) de Arak, no centro do país, e à mina de urânio de Gachin, no sul do país. De acordo com a HispanTV, o Irã tomou a decisão para demonstrar boa vontade no objetivo de eliminar as dúvidas existentes sobre a natureza pacífica do seu programa nuclear.

Dando declarações às vésperas do 35º aniversário da Revolução Islâmica no Irã (quando os persas derrubaram um regime autocrático e monárquico respaldado pelos Estados Unidos, em 1979), a ser comemorada nesta terça-feira (11), o conselheiro abordou a visão iraniana sobre os direitos e o sistema político.

“O hegemonismo mundial divide o Islã em dois: a rede Al-Qaeda e o Islã secular, em uma tentativa de evitar a propagação da Revolução Islâmica do Irã,” disse Jalili. Não obstante, continuou, “apesar desta guerra branda para impedir a propagação, o sistema da República Islâmica e sua Revolução se consideram, hoje, pioneiros do autêntico Islã.”

Da redação do Vermelho,
Com informações da HispanTV