Jornalistas que cobrem diálogo de paz das Farc foram espionados
Uma matéria divulgada pela agência de notícias EFE nesta segunda-feira (10), revela que a agência de inteligência militar colombiana espionou um grupo de jornalistas que acompanha o diálogo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do país. De acordo com a emissora Univisión, cerca de 2,6 mil e-mails foram interceptados.
Publicado 10/02/2014 14:22

A investigação – que foi realizada pelos jornalistas Gerardo Reyes, da Colômbia, e Casto Ocando, da Venezuela – apurou que hackers da inteligência militar colombiana ”tiveram acesso às comunicações entre jornalistas e porta-vozes das Farc em Cuba”, onde acontecem as negociações.
A Univisión informou que teve acesso aos correios eletrônicos interceptados e revelou que há “mais de 2,6 mil comunicações de Hermes Aguilar e Bernardo Salcedo, ambos porta-vozes das Farc, com os jornalistas de agências de notícias internacionais como AP, Reuters, Notimex, Prensa Latina, EFE, DPA e AFP”.
Além disso, outros meios de comunicação também foram espionados. Entre eles, o jornal El Tiempo e a Caracol Rádio, da Colômbia; a TVE e o jornal Gara, da Espanha; a RTL e Telgraaf, da Holanda; e Suddeutschen Zeitung e Junge Welt, da Alemanha.
“Os e-mails incluem solicitações de entrevistas e informações gerais a membros das Farc que formam parte da delegação das conversações de paz em Cuba”, disse em nota a Univisión.
Esta revelação segue o escândalo desencadeado na semana passada na Colômbia, quando a Revista Semana informou exclusivamente a existência de um centro de inteligência, abrigado em um restaurante de fachada, em Bogotá, de onde se estava espionando os negociadores do governo em Cuba e líderes da esquerda colombiana.
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A denúncia levou à demissão da cúpula da inteligência do Exército colombiano e, segundo a guerrilha, seus delegados também foram vítimas desta prática. O episódio foi divulgado como uma possível conspiração de unidades militares hostis ao presidente Juan Manuel Santos e seus esforços para negociar com o grupo insurgente.
Outra revelação realizada pela revista colombiana Semana, afirma que mais de 50 prefeitos e dezenas de funcionários públicos foram objeto de espionagem pela inteligência do exército colombiano.
Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações da agência EFE