Negociação sobre questão nuclear do Irã deve avançar na prática

O chanceler iraniano Mohammed Javad Zarif e a alta representante da União Europeia para os Assuntos Estrangeiros e Política de Segurança, Catherine Ashton, anunciaram um acordo para a condução das negociações sobre a questão nuclear iraniana, nesta terça-feira (18), em Viena, na Áustria.

Arak - Associated Press Photo

O Irã e o Grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e a Alemanha) reúnem-se na capital austríaca para discutir um acordo definitivo sobre o programa nuclear persa.

A delegação iraniana, chefiada pelo chanceler Zarif e pelo vice-chanceler para Assuntos Jurídicos, Abbas Araqchi, tem se mostrado comprometida com o diálogo, ao mesmo tempo em que enfatiza a defesa do direito persa a um programa nuclear de fins civis.

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Neste sentido, analistas como Tariq Rauf, em artigo para o Instituto Internacional de Estocolmo de Pesquisa para a Paz (Sipri), enfatiza a necessidade de verificação dos documentos que os grupos de acusação contra o Irã dizem comprovar a construção de armas nucleares, para dirigir a questão às suas bases e, neste caso, desvendar a argumentação que ainda dificulta a diplomacia.

O acordo alcançado no início do mês com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da qual o país é membro desde a década de 1970, é ressaltado como demonstração da seriedade das intenções iranianas. O governo persa comprometeu-se, entre outras medidas, com a garantia de maior acesso dos inspetores internacionais às suas instalações nucleares.

Suas medidas de "construção de confiança" têm sido saudadas pela AIEA, pela ONU e por diversos líderes mundiais, apesar da resistência ainda agressiva de diversos grupos nos Estados Unidos e em Israel, que pressionam pela manutenção e até o endurecimento das sanções contra o Irã, o que faria descarrilar o processo de negociações. A suspensão das medidas coercivas contra o país é a contrapartida do Ocidente na "construção da confiança".

Nos bastidores das negociações, que resultaram em um plano interino em novembro passado, cuja implementação foi iniciada em 20 de janeiro, Araqchi disse que ainda há muitos desafios, mas que o otimismo é maior entre todos os envolvidos. O Irã e o G5+1 negociam, provavelmente em mais de uma rodada, de acordo com as autoridades iranianas, um acordo final para a questão nuclear.

Enquanto os grupos mais radicais da política estadunidense e israelense exigem o desmantelamento completo do programa nuclear iraniano, acusando-o de servir para a construção de armas (embora Israel possua um arsenal até hoje não inspecionado), o governo iraniano não abrirá mão do seu direito de enriquecer urânio para a produção de energia e para fins médicos.

Da redação do Vermelho