Coreia Popular rechaça acusações e denuncia provocação militar

A Chancelaria da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) rechaçou, neste fim de semana, o recente relatório do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, denunciando motivações politizadas e um posicionamento parcial. Além disso, reafirmou o caráter desestabilizador dos exercícios militares da Coreia do Sul e dos EUA, que se iniciam nesta segunda (24), apesar do apelo à reaproximação intercoreana e após o reencontro de famílias separadas desde a guerra de 1950, na semana passada.

Coreia Popular - Picture-Alliance/DPA

Sobre o Comitê de Inquérito do Conselho, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores respondeu, em uma coletiva de imprensa, no sábado (22), que se trata de "uma marionete" criada em 2013 “de maneira forçada” pelos Estados Unidos e seus satélites, autores de frequentes acusações contra a Coreia Popular.

Por isso, a Chancelaria norte-coreana rechaça completamente o relatório sobre os direitos humanos no país, divulgado na sexta-feira (21),  “cheio de dados sem fundamentos, inventados” a partir das declarações de “forças hostis e alguns desconhecidos ‘fugitivos norte-coreanos’ e criminosos que fugiram da pátria.”

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De acordo com o porta-voz, trata-se de “uma campanha de intrigas contra a RPDC, instigando o Tribunal Penal Internacional e o Conselho de Segurança das Nações Unidas, sob o pretexto dos Direitos Humanos”, uma provocação política tendente a desintegrar o regime e desacreditar a Coreia Popular, elevando o grau de pressão contra o país.

Apesar disso, ressalta a Chancelaria, muitos países e até alguns meios de comunicação ocidentais têm acusado o relatório de preconceituoso e carente de autenticidade, preocupados com o seu uso como documento da Organização das Nações Unidas (ONU).

“O autor que deve sentar no banco dos réus do tribunal internacional de direitos humanos é precisamente os Estados Unidos, caudilho da violação dos direitos humanos, que causou incontáveis calamidades, assassinando em todos os rincões do planeta pessoas inocentes e produzindo escândalo por realizar a interceptação e a vigilância ilegais dos habitantes do seu país e do estrangeiro. Seria melhor que os EUA apagassem primeiro o incêndio em sua própria casa ao invés de recorrer à absurda campanha de ‘direitos humanos’ anti-RPDC.”

Exercícios de guerra e reencontro de famílias

Os EUA e a Coreia do Sul também iniciam, nesta segunda-feira (24), uma série de ensaios militares que classificam de “rotineiros”, embora a Coreia Popular viesse apelando, desde o mês passado, contra os exercícios “Key Resolve” e “Foal Eagle”.

Entre as denúncias contra esta demonstração de força e esta provocação estão uma simulação de guerra contra a RPDC, que inclui o uso de navios, submarinos, helicópteros, tanques e, inclusive, arsenal nuclear, o que aumenta a tensão na Península Coreana.

O governo norte-coreano vem apelando reiteradamente à Coreia do Sul para que se dê prioridade aos esforços de reaproximação e até mesmo o reencontro de famílias separadas desde a guerra da década de 1950 – que teve envolvimento direto dos EUA – ficou suspenso.

Apesar da preferência das autoridades sul-coreanas à aliança militar com o governo estadunidense, entretanto, o reencontro, que se enquadra nos esforços diplomáticos e “humanitários”, foi realizado na quinta-feira (20), na região norte-coreana de Kumgang.

No encontro, os 82 sul-coreanos e seus 180 parentes que vivem na Coreia Popular foram separados permanentemente por uma guerra brutal em que o papel dos EUA foi avassalador, incluindo o uso de napalm (um conjunto de líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada , que quando misturado com gasolina se transforma num gel pegajoso e incendiário).

Durante uma visita recente à Coreia do Sul, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse às autoridades sul-coreanas que os exercícios militares devem ser mobilizadas de acordo com o programa, o que prejudica profundamente a melhoria das relações na Península Coreana.

A mídia norte-coreana denunciou a manutenção dos planos militares como “um desafio malicioso ao esforço sincero da RPDC por relaxar a tensão na Península Coreana e lograr a reunificação independente, a paz e a prosperidade com as forças unidas de toda a nação coreana”, dividida no contexto da chamada Guerra Fria.

“Todos os sul-coreanos, do norte, do sul e do ultramar devem rechaçar as manobras das forças belicosas internas e externas que seguem recorrendo às provocações de guerra e agressão contra a RPDC, devem detê-las e frustrá-las com as forças unidas,” afirma o diário Rodong Sinmun, em artigo do sábado (22).

Da redação do Vermelho