Educação infantil: a etapa mais importante e menos valorizada

 O início da vida para cada criança é marcado por novas experiências, novas descobertas e por uma enxurrada de novos conhecimentos. Por mais presente que os pais estejam dos filhos nesses momentos, o professor se torna uma peça fundamental que irá marcar a vida de cada novo aluno para sempre.

 Jonas Rodrigues de Paula (*)

Apesar da importância da fase inicial da vida escolar e dos profissionais da área de educação infantil, ao longo do tempo, as escolas geralmente focaram os principais investimentos nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Isso ocorre por diversas razões, entre elas, pela crença de que o trabalho pedagógico nesses segmentos é mais complexo e de que há uma demanda mais clara das famílias e da sociedade por qualidade de ensino.

Enquanto isso, os profissionais que se qualificam e se dedicam a ensinar as primeiras palavras e conhecimentos aos pequenos alunos continuam na luta por melhores condições de trabalho e de remuneração. Em relação aos setores público e privado, diferente do que muitos ainda acreditam, os docentes da educação infantil atuantes no setor privado têm salário médio menor do que os que atuam no setor público.  No Espírito Santo a realidade não é diferente: o piso salarial da hora-aula de um professor da Educação Infantil é de R$ 5,29, enquanto um profissional que atua no Ensino Superior recebe cerca de R$ 23.

O resultado da pouca remuneração e de escassas estruturas de trabalho são professores nas ruas cobrando reajustes salariais e, principalmente, uma equiparação de salário para todos educadores de todos os níveis escolares. Atualmente, os professores da educação básica reivindicam um INPC de reajuste e um outro INPC de ganho real. O índice recompõe as perdas inflacionárias pela média do ICV-DIEESE, INPC-IBGE e IPC-FIPE (5,3%).

Afinal, a escola de educação infantil é, muitas vezes, o primeiro espaço público com o qual os pequenos entram em contato. É nesse palco privilegiado da vida coletiva que eles se encontram com o conhecimento elaborado. É nesse espaço público que se pode valorizar a construção de repertório, o desenvolvimento do pensamento lógico e a formação de valores.

Para que se construa uma educação de qualidade, é urgente superar o nosso olhar e estabelecer coerência entre o que consta nos documentos oficiais e o que se realiza no ambiente escolar, assim como é urgente acreditar na importância do investimento – humano e material – nas escolas de educação infantil.

(*) Jonas Rodrigues de Paula é presidente do Sindicato dos Professores no Estado do Espírito Santo (Sinpro/ES) e secretário estadual sindical do PCdoB