Irã denuncia EUA pela violação de acordo como país sede da ONU
O representante adjunto do Irã para a Organização das Nações Unidas (ONU), Qolam Husein Dehqani, denunciou a decisão dos Estados Unidos de não conceder o visto para o representante eleito do país persa na organização internacional, cuja sede central fica em Nova York. Dehqani fez a denúncia na sessão extraordinária do Comitê de Relações com o País Anfitrião da sede, nesta terça-feira (22), acusando os EUA de violarem assim os acordos que regem o funcionamento da organização.
Publicado 23/04/2014 11:17
Dehqani voltou a condenar a medida estadunidense, durante a reunião, e instou os membros e autoridades da ONU a tomarem responsabilidades sobre o tema. “Com o fim de conservar o crédito das Nações Unidas e garantir a eficiência das representações dos Estados membros da organização, é necessária a adoção de uma medida séria para este caso,” afirmou.
Para Dehqani, o Departamento de Assuntos Jurídicos da ONU deve tomar medidas para obrigar as autoridades estadunidenses a respeitarem seus compromissos jurídicos. O representante adjunto também instou o Comitê de Relações com o País Anfitrião a estudar o tema com caráter de urgência e pediu o uso de todos os métodos e ferramentas para assegurar que os EUA revejam a sua decisão, pois contradiz aas normativas internacionais.
Neste sentido, Dehqani exigiu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que cumpra com a sua responsabilidade de monitorar a materialização completa e meticulosa do Acordo da Sede entre este organismo e os Estados Unidos.
O presidente Barack Obama assinou uma lei, na sexta-feira (18), bloqueando o embaixador persa Hamid Aboutalebi de entrar no país, para tornar-se o representante iraniano na ONU. A justificativa alegada pelo governo estadunidense foi a participação de Aboutalebi no bloqueio de 444 dias da Embaixada estadunidense em Teerã, em 1979, durante a Revolução Islâmica que derrubou um governo autocrático e fascista, respaldado pelos EUA.
Politização da ONU
A representante estadunidense na sessão do Comitê, nesta terça, Rosemary DiCarlo disse que seu país toma a sua responsabilidade como país sede das Nações Unidas seriamente, mas expressou “preocupações antigas sobre o papel admitido por Aboutalebi na crise dos reféns,” em referência aos 52 diplomatas estadunidenses na Embaixada, durante o cerco.
Aboutalebi afirma que este papel foi mínimo, e nenhum outro representante na sessão apoiou a posição estadunidense, segundo fontes anônimas que participaram da reunião privada, citadas pelo jornal The Washington Post. De acordo com as mesmas fontes, Cuba, Coreia Popular e Belarus apoiaram o Irã na contestação da decisão estadunidense.
O representante iraniano também mencionou os atos agressivos dos Estados Unidos contra o país persa (como as sanções ilegais aplicadas pelo governo estadunidense desde a Revolução Islâmica), mas afirmou que o enfoque da reunião incidia sobre o tratamento dos compromissos do país anfitrião.
No fim da sessão, o presidente do comitê, o cipriota Nicholas Emiliou, pediu ao governo dos Estados Unidos que facilitasse o visto aos membros e executasse o conteúdo do acordo. “Espero ter avanços positivos sobre este tema em um futuro próximo,” concluiu.
Da Redação do Vermelho,
Com informações do Washington Post e da HispanTV