Venezuela: Maioria dos mortos é vítima de ações opositoras

Pouco mais de dois meses depois de iniciada a série de confrontos nas ruas da Venezuela, protagonizada pelo embate entre governo e oposição, um balanço publicado por Alba Ciudad, emissora de rádio do Sistema Bolivariano de Comunicação e Informação (Sibci), aponta o que seriam as causas da morte de 41 pessoas durante o conflito. Investigação preliminar sustenta que a minoria das vítimas é resultado da ação das forças de segurança do governo venezuelano.

Por Marcela Belchior, na Adital

Violencia oposicionista é minoritária na Venezuela, diz estudo - EFE

Segundo o balanço, apenas seis teriam sido mortas por disparos de armas de fogo dos órgãos do Estado. Seriam elas: Alejandro Márquez, Geraldine Moreno Orozco, Bassil Da Costa, Juan Montoya, Glidis Karelis Chacón Benítez e Jesús Enrique Acosta Matute.

A Alba Ciudad indica que o principal determinante das mortes, direta ou indiretamente, teria sido combates em alçapões e barricadas nas ruas das cidades. Seis pessoas teriam morrido nessas circunstâncias: Luis Gutierrez, Deivis Durán, Eduardo Anzola, Elvis Rafael Durán De La Rosa, Doris Elena Lobo e Julio González.

Outras 10 teriam chegado à morte enquanto tentavam atravessar as barreiras nas ruas – ou mesmo retirá-las: Gisella Rubilar, José Gregorio Amaris Cantillo, Acner Isaac López Lyón, Giovanni Pantoja, Antonio José Valbuena Morales, Arturo Alexis Martínez, Ramzor Ernesto Bracho Bravo, José Guillén Araque, Adriana Urquiola e Miguel Antonio Parra. Já três venezuelanos teriam morrido ao serem agredidos, defendendo uma barricada: José Ernesto Méndez, Mariana Ceballos e Argenis Hernández.

A investigação preliminar também assinala que 10 pessoas teriam morrido por violência política de diferente caráter: Roberto Redman, Génesis Carmona, Wilmer Juan Carballo Amaya, Daniel Tinoco, Angelo Vargas, Guillermo Sánchez, Juan Orlando Labrador Castiblanco, Jhon Rafael Castillo Castillo, Wilfredo Rey e José Cirilo Darma García.

Além disso, duas venezuelanas faleceram em perseguições em suas próprias casas ou por terem sido acometidas pelas circunstâncias ao tentarem cruzar as ruas em momento de confronto: María Julieta Heredia e Luzmila Petit de Colina. Três pessoas morreram ainda de forma acidental (Jimmy Vargas, Franklin Alberto Romero Moncada e Roberto Annese) e uma, até agora, não teve a causa de sua morte determinada (Joan Quintero).

Do total de mortos, seis eram efetivos da Guarda Nacional Bolivariana (Acner Isaac López Lyón, Giovanni Pantoja, Jhon Rafael Castillo, Miguel Antonio Parra, Ramzor Ernesto Bracho Bravo e José Guillén Araque) e um era efetivo da Polícia Nacional Bolivariana (José Cirilo Darma García). Além dos 41 mortos, mais de uma centena de pessoas ficou ferida nos últimos 70 dias em várias cidades do país, especialmente em Caracas, Mérida, Valencia, Barquisimeto, Maracaibo, San Cristóbal e Puerto Ordaz.

Diálogo avança

Nos últimos dias, o governo da Venezuela e a principal coalizão opositora do país alcançaram os primeiros acordos com vistas a abrandar a crise política derivada dos protestos nas ruas. Na mesa de diálogo, contudo, seguem ausentes os movimentos estudantis e alguns partidos opositores. Segundo a agência de notícias Telám, a Mesa de Unidade Democrática (MUD) aceitou participar do Plano de Pacificação Nacional do governo e este admitiu que "pessoas reconhecidas” formem parte da Comissão da Verdade, que deve investigar as denúncias de violação de direitos humanos durante as manifestações populares.

Além disso, as partes acordaram designar uma junta médica para que examine Iván Simonovis, preso por fatos relacionados ao golpe de Estado de 2002 e que está gravemente doente. Designaram, também, comitês para avaliar a sucessão em cargos nos poderes judiciário e eleitoral. Entretanto, ainda não chegaram a um consenso sobre o pedido de anistia aos considerados presos políticos dos protestos – motivo pelo qual estudantes e outros partidos opositores não aceitam participar da mesa de diálogo.