Ásia-Pacífico: Viagem de Obama reflete política intervencionista

Em matéria desta quarta-feira (30), o jornal China Daily publica uma análise sobre a recente visita do presidente estadunidense, Barack Obama, a quatro países da região Ásia-Pacífico, que os “formuladores de política externa” dos EUA colocam em foco na sua agenda imperialista. Segundo Li Xiaokun, autor da análise, a China está, agora, “mais ciente das intenções dos Estados Unidos na região”.

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Obama visitou o Japão, a Coreia do Sul, Malásia e as Filipinas, que “alcançaram seus objetivos para uma maior presença securitária dos EUA, mas fizeram pouco por avançar a parceria Trans-Pacífico, uma chave estratégica no objetivo estratégico da política econômica de Obama,” escreve Li.

O analista cita o diretor do Centro para as Relações China-Estados Unidos, da Universidade de Tsinghua, Sun Zhe, que afirmou: “Embora Obama tenha tentado confrontar a China diretamente durante a visita aos quatro países, ele desafiou Pequim ao fazer declarações estridentes, no Japão, e assinar um acordo militar com as Filipinas, um passo que a China considerou provocativo.”

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Sun refere-se ao acordo que deve durar uma década, assinado na segunda-feira (28), que permite a maior presença militar dos Estados Unidos nas Filipinas. Ainda, na terça-feira (29), Obama advertiu contra o uso da força para resolver disputas territoriais, enquanto dirigia-se a forças estadunidenses e filipinas na capital, Manila. Esta prerrogativa, como demonstra a sua própria política e agenda na região, pertence apenas aos EUA.

Obama também garantiu a Manila que um tratado de segurança assinado entre os dois países, em 1951, compromete os EUA a defenderem as Filipinas, pretexto passível de uso para justificar a maior presença militar e até uma intervenção estadunidense contra um "potencial agressor", em qualquer disputa regional envolvendo o país, ainda que da forma mais remota. “Nosso compromisso com a defesa das Filipinas é encouraçado,” continuou o presidente norte-americano.

Interferência imperialista
e fracasso político

“Acreditamos que o direito internacional precisa ser cumprido, que a liberdade de navegação precisa ser preservado e que o comércio não pode ser impedido. Acreditamos que as disputas precisam ser resolvidas de forma pacífica e não através da intimidação, ou da força,” afirmou Obama, contradizendo as práticas patentes do seu país e uma política sistemática de ingerência para avançá-las.

No Japão, o presidente estadunidense também disse que seu acordo de defesa com Tóquio cobre as Ilhas Diaoyu , sob a soberania chinesa, embora as autoridades japonesas disputem o território. Segundo analistas chineses citados pelo autor do artigo, as declarações de Obama são relativamente retóricas e de objetivo supostamente “dissuasor”, em relação à China.

As autoridades chinesas têm reiterado apelos constantes para que os Estados Unidos não interfiram em suas disputas com os vizinhos e respeitem a sua soberania, o mesmo apelo feito aos países da região que buscam no militarismo estadunidense um recurso. Os chineses também responderam que a liberdade de navegação no Mar do Sul da China, principal ponto de atenção atualmente, nunca foi interrompida, e que confiam nas negociações como as melhores formas de resolver disputas.

O jornal Takungpao, publicado em Hong Kong, comentou na terça-feira (29) que a situação securitária piorou na região após a visita de Obama. “Os EUA tentaram consolidar alianças com países como o Japão e as Filipinas, mas aprofundou as preocupações da China. Aqueles países podem agora sentir que não têm o que temer, sentir-se encorajados, e isso pode complicar a situação.”

Outro fracasso ressaltado pelos analistas citados no China Daily foi a tentativa de Obama de consolidar a parceria Trans-Pacífico, que envolve 12 países da região, mas fez pouco progresso econômico, apesar da prioridade dada a ela pelos EUA. Os países continuam divididos sobre o impacto dos produtos estadunidenses em seu mercado, por exemplo. Esta situação, escreve Li Xiaokun, contrasta de forma radical com a cooperação econômica massiva da China com os países do Sudeste asiático, impulsionada nos últimos anos.

Com China Daily,
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho