Carta “Dois de Julho” – Resolução do 16º Congresso da UJS/BA

  

Em 30 anos muita coisa aconteceu no Brasil e na Bahia: derrotamos a ditadura; conquistamos o direito de votar para presidente; com as caras pintadas derrubamos o presidente “collorido”; fomos às ruas contra o governo neoliberal de FHC, que desejava vender nosso país ao tio Sam; elegemos o primeiro presidente operário e, não satisfeitos, elegemos a primeira mulher presidenta da história de nosso país!

Nunca nos intimidamos e, com muita coragem, enfrentamos o carlismo perverso que durante um longo período dominou a Bahia com “uma mala de dinheiro em uma mão e um chicote na outra”. Foram eles os principais responsáveis por colocar nosso estado com alguns dos piores indicadores sociais do país, contrastando a miséria do nosso povo com a riqueza dos “amigos do rei”.

Nessas três décadas, como em toda a nossa história, não houve um só dia sem luta. Os baianos fizeram valer sua fama de rebeldes e, ao lado da Revolta dos Malês e da Independência da Bahia, inseriram em nossa história capítulos como o 16 de maio de 2001 e a Revolta do Buzú, dentre muitos outros. Daqui, partiram inspirações para lutas em todos os cantos do Brasil. Aqui, nos inspiramos com as lutas construídas em cada lugar de nosso imenso país.

Mas mesmo nos momentos mais difíceis e duros dessa jornada; mesmo quando a tropa de choque da corja carlista avançava com seu ódio contra as manifestações populares; mesmo quando depois de reconquistada a democracia no Brasil pessoas eram presas e perseguidas na Bahia; nunca, em momento algum, as bandeiras da União da Juventude Socialista deixaram de estar presentes nas lutas da juventude e do povo.

Inconformados com esse espírito rebelde dos baianos, tentaram reescrever a nossa história e apagar os inúmeros capítulos de luta nela contidos. Foi assim que a denominação do Aeroporto Internacional de Salvador passou a homenagear o “filho do rei”, em detrimento do Dois de Julho, data mais importante da história da Bahia, o que representou uma afronta à memória de heróis e heroínas como Luiz Lopes, João das Botas, Maria Quitéria, Joana Angélica e tantos outros que pagaram com sangue o preço de nossa liberdade. Por isso, é de enorme importância que o Aeroporto Dois de Julho volte assim a ser chamado.

E é com esse sentimento que reafirmamos que “nunca mais o despotismo regerá nossas ações”. Rejeitamos a possibilidade de retorno da direita e propomos a edição da campanha “A DIREITA QUER VOLTAR: DIGA NÃO! – CARLISMO NUNCA MAIS!”, que deverá ter caráter permanente, mas intensificada especialmente nos meses que antecedem a eleição de outubro, e deverá buscar envolver um conjunto de organizações do movimento social baiano.

Aprovamos, ainda, nesse 16º Congresso Estadual da União da Juventude Socialista (UJS) o apoio de nossa organização à candidatura do companheiro RUI COSTA ao governo da Bahia, além da chapa de deputados federais e estaduais identificados com esse projeto, representado nacionalmente pela presidenta Dilma Rousseff. Conclamamos todos os segmentos de juventude a ir a campo nessa campanha eleitoral contra o retrocesso e pela ampliação da participação da esquerda na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa.

Entretanto, não confundimos apoio com seguidismo. Reafirmamos a nossa autonomia e não abrimos mão que a candidatura de Rui Costa assuma compromissos efetivos com um projeto avançado para nosso estado. Se eleito, a UJS estará na linha de frente da pressão popular para que o governo tome o rumo da esquerda e reafirme os compromissos originais desse campo democrático.

Somos a organização que repudia radicalmente o extermínio da juventude negra em curso em nosso país, mas com reflexos ainda mais perversos na Bahia, onde a população negra é maioria absoluta. O modelo de segurança pública que vem sendo adotado faliu, e não temos dúvidas de que o problema da violência não será resolvido com mais violência, e sim com a garantia de direitos sociais ainda negados à maioria do povo. Nesse sentido, a desmilitarização da polícia militar é urgente!

No ano em que completamos 50 anos do Golpe Militar de 1964, reforçamos a necessidade de nos reencontrarmos com a nossa própria história, passando a limpo esse período sombrio. Revisar a Lei da Anistia para colocar os torturadores da ditadura na cadeia é uma necessidade! Eles precisam pagar pelos crimes cometidos ao longo de mais de duas décadas de tirania. Na importante luta pelo direito à memória e à verdade, também estará presente a juventude do Araguaia!

Aqui na UJS cabem todas as lutas, sonhos e desejos da juventude baiana. Aqui, estarão representadas as cores do arco-íris que tanto simbolizam a luta contra a homofobia. Em nossa organização, igualdade de gênero não é mera retórica de palanque, mas uma necessidade urgente e indispensável – não haverá Socialismo, afinal, sem a plena emancipação das mulheres!

Jovens estudantes, artistas, trabalhadores e trabalhadoras, intelectuais, camponeses e camponesas de todas as regiões do estado. Em nossa diversidade, unidos pelo desejo de derrotar o capitalismo e em seu lugar colocarmos o “Socialismo com a nossa cara!”.

Somos a organização que torce pelo Brasil, e por isso não caímos na ladainha do complexo de vira-latas e, com muito orgulho, vamos vibrar a cada gol de nossa seleção na Copa do Mundo, evento que, ao lado das Olimpíadas de 2016, são uma demonstração do novo posicionamento do nosso país no contexto mundial.

Os desafios são grandes, mas igualmente imensa é a nossa disposição, por que garra e vontade de lutar nunca nos faltaram! Completamos 30 anos de história (e que história!) e afirmamos que estamos, sim, preparados para escrever os próximos capítulos dessa trajetória!

Viva o Dois de Julho!

Viva a Juventude do Araguaia!

Viva o Socialismo!