Jô Moraes: O presente que as mulheres precisam 

No Dia da Mães, no exercício da coordenação da Bancada Feminina, cumprimento todas as mães pela enorme capacidade de enfrentar esse milagre da vida com os obstáculos que o cotidiano nos traz e dizer que, para nós, o maior presente que a sociedade brasileira pode dar a todas as mães do Brasil, e esta Casa principalmente, é compreender que o exercício da maternidade é uma contribuição e uma colaboração à sociedade para a perpetuação da espécie humana.

Por Jô Moraes* 

A maternidade não é apenas de responsabilidade da mãe e do pai. A maternidade é uma atividade que tem a mãe como propulsora e tem de ter a sociedade como colaboradora nesse exercício. E nos desafios da maternidade, nós temos algumas prioridades que precisam ser assumidas. Em primeiro lugar, garantir melhores condições para a realização do parto.

Tivemos ontem nesta Casa uma excelente audiência pública, onde se levantou a bandeira do combate à violência obstétrica, à violência no momento do parto. E preciso que se criem condições de humanização do parto para que as mulheres tenham o apoio integral desde o pré-natal, mas também a possibilidade de escolherem entre ter um parto natural ou ter um parto induzido a uma cesárea. Porque tem crescido muito o número de cesáreas neste País, muito mais estimuladas por razões outras, do que por condições objetivas ou por escolha das mães. Estamos lançando a campanha em combate à violência obstétrica e pela humanização do parto, garantindo o parto natural.

O segundo projeto que nós queremos que seja assegurado é a ampliação, cada vez mais, do número de creches. Creches nas empresas que tenham além de 30 mulheres, creches em todos os órgãos públicos, creches nas comunidades mais carentes e necessitadas, para que as trabalhadoras possam trabalhar com a tranquilidade de ver seus filhos tranquilos e cuidados.

Em terceiro lugar, a Bancada Feminina deliberou lançar uma campanha de combate à intolerância, em defesa da justiça e pela paz nas ruas. O que nos motivou foi ver aquela dramática tragédia enfrentada pela família e pelo esposo de Fabiane Maria de Jesus, que em Guarujá foi linchada e levada até a morte. Nós queremos dizer à sociedade, a esta Casa, que não podemos admitir em espécie nenhuma a continuidade do estímulo à intolerância.

Nós não podemos admitir que uma colunista do SBT considere natural que alguém vá espancar um infrator, fazendo justiça com as próprias mãos. Nós temos que combater todo tipo de intolerância, porque a intolerância que está se dando neste País significa o enfraquecimento dos laços e dos valores morais; dos laços de solidariedade; dos laços de camaradagem.

Queremos recuperar o poder da justiça, e é através do combate à intolerância, da defesa da justiça e da defesa da paz nas ruas que poderemos dar às mães brasileiras o presente que elas precisam, o presente às mulheres que trazem o milagre da vida.

*É deputada federal pelo PCdoB de Minas Gerais e coordenadora da bancada feminina