Venezuela garante incentivos à produção nacional para reduzir custos
A economia venezuelana, submetida a fortes pressões inflacionárias nos últimos meses, aponta ao incentivo do desenvolvimento de capacidades produtivas próprias para reduzir as importações e, com isso, o custo dos bens e serviços de primeira necessidade.
Publicado 19/05/2014 08:51

As potencialidades do país estão à vista, apoiadas na riqueza petroleira que surge de reservas provadas de petróleo em torno de 298 bilhões de barris (as maiores do planeta).
No entanto, o desenho de um modelo petroleiro rentista levou a relegar a segundo plano a possibilidade de produzir no próprio país para o mercado interno, questão que o governo aspira a mudar mediante incentivos ao setor corporativo nativo.
Por outra parte, as ações que levaram à escalada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) têm também entre suas origens fatores que vão mas além do processo econômico.
Efetivamente, o Banco Central da Venezuela (BCV) advertiu que em outubro de 2012 começaram a ser alteradas algumas variáveis centrais para a economia venezuelana, entre elas a subida irracional e especulativa da cotação extraoficial do dólar.
As alterações mais sérias, detectáveis a partir do último trimestre de 2012, foram registradas pelos indicadores de preços ao consumidor e de escassez, e depois permaneceram em níveis incomuns no decorrer de 2013.
O BCV afirmou que a doença e o falecimento do líder venezuelano Hugo Chávez foram aproveitados por certos setores da oposição política, bem como alguns empresários, para intensificar artificialmente a deterioração das variáveis econômicas.
Como resultado, o INPC acumulado no passado exercício chegou a 56,2%, com o consequente impacto adverso nos rendimentos dos venezuelanos.
Sob essas condições, o governo adotou ações institucionais, legislativas e administrativas de caráter extraordinário, as quais se orientaram a deter os ataques especulativos que atentavam contra a estabilidade da economia nacional.
No entanto, os efeitos positivos iniciais dessas medidas viram-se freados pela intensificação de ações geradas da ultradireita, em detrimento da institucionalidade do país.
A entidade emissora admitiu que em março de 2014 o INPC marcou uma variação acumulada de 4,1%, com uma média em torno de 10% para o primeiro trimestre do presente ano.
Entre os fatores que influíram nesse comportamento figura a atuação de um grupo radical da oposição política, responsabilizado com diversas iniciativas para provocar desestabilização.
O fato de converter rapidamente os protestos em violência de rua terminou afetando o desempenho normal das forças produtivas, o comércio, a distribuição e, em geral, a vida econômica do país.
Os bloqueios de vias, as ameaças a transportadoras, o ausentismo trabalhista conexo, os ataques a zonas industriais, danos às infraestruturas públicas como privadas, saques e queima de shoppings se juntaram para expressar uma nova onda concreta de "guerra econômica".
Estas práticas irracionais ocasionaram por sua vez sérias consequências em termos de comportamento das variáveis associadas à produção e aos preços dos bens, em particular os alimentos.
No palco financeiro também se apreciam elementos que refletem de maneira complementar o aumento inflacionário, entre eles a presença majoritária de notas de 100 bolívares (R$ 33,23), com 868,6 milhões de papéis em circulação no fechamento de março.
O BCV revelou que, de janeiro a março deste ano, a quantidade de dinheiro dessa denominação mostrou um crescimento de 2,5%, e em relação a similar espaço de tempo de 2013, o aumento foi de 62,9%.
Nessa conjuntura, o sistema financeiro nacional foi a mecanismos capazes de moderar a quantidade de dinheiro em circulação, para dessa forma reduzir as condições susceptíveis de favorecer o incremento da inflação.
Nessa direção inclui-se o aumento do encaixe legal a 21,5% para as instituições bancárias, com o que se define a percentagem de depósitos que deverão manter as entidades financeiras no ente emissor.
Unido a isso, se lançou ao mercado um novo instrumento de investimento denominado Direto BCV, dirigido a pessoas naturais residentes e domiciliadas no país.
E ainda, o governo adiantou que se estudará a possibilidade de uma reforma tributária, dirigida a conseguir que os de maiores ganhos deverão cumprir com contribuições superiores.
Todo isso está acompanhado de um programa de inspeções em indústrias, shoppings, empresas e armazéns com vistas a garantir o aplicativo da Lei de Preços Justos, para dessa forma defender os rendimentos do povo.
Fonte: Prensa Latina