Esquerda espanhola emite declaração exigindo referendo constitucional
Diversos grupos políticos de esquerda reuniram-se nesta quinta-feira (5), na capital espanhola, Madri, para debater alternativas no país e avançar com a exigência de um referendo popular sobre a monarquia, que enfrenta um contínuo rebaixamento da sua avaliação. Em declaração conjunta emitida após a reunião, as forças presentes destacam a grave situação de crise, enquanto o regime monárquico tenta “impor ao povo outro rei”, desde o anúncio do atual monarca, Juan Carlos, da sua abdicação.
Publicado 06/06/2014 09:50
“A grave situação de crise econômica, social, ambiental e política que vive o nosso país propiciou a abdicação do monarca e a tentativa acelerada de impor ao povo outro rei, sem que a vontade do povo seja tida em conta”. inicia a declaração conjunta, em referência à “passagem” do trono de Juan Carlos a seu filho, o príncipe Felipe VI, das Astúrias.
O documento destaca que 70% da população da Espanha não tinha idade para votar quando, em 1978, a atual Constituição foi aprovada, instaurando a monarquia parlamentar.
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“Por isso, exigimos que o povo, em que reside a soberania, fale e decida, através de um referendo, se quer a Monarquia ou a República, se quer a Monarquia ou a Democracia, e apostamos decididamente por abrir um processo constituinte, onde todas as instituições possam ser eleitas pelos cidadãos”, afirma o texto.
Neste sentido, os grupos presentes instaram as forças políticas, sociais e culturais e “todos aqueles cidadãos e cidadãs que querem exercer seu legítimo direito a decidir como queremos nos governar, a reivindicar juntos um referendo, para que o povo decida e inicie o caminho a um país mais justo, mais democrático e mais solidário”.
“Da mesma forma, queremos impulsionar e apoiar as mobilizações e iniciativas populares que tenham entre seus objetivos o que foi descrito e, especialmente, as convocadas para este fim de semana e para o próximo dia 11 de junho, quando foi debatido o Projeto de Lei de Abdicação.”
A chamada “Declaração do Ateneo” foi assinada por 11 organizações de todo o país, inclusive de comunidades autônomas que debatem a independência, como a Catalunha, encabeçadas pela Izquierda Unida, que aglomera movimentos e partidos comunistas e outros da esquerda.
O rei Juan Carlos, que foi nomeado ainda pelo regime ditatorial de Francisco Franco, quando a Espanha já não era uma monarquia, assumiu a coroa após a morte do general, em 1975. Na segunda-feira (2), decidiu abdicar a favor do seu filho, num momento em que o regime monárquico caminha por uma tendência de baixa aprovação.
A crise econômica que tem empobrecido os espanhóis, com taxas de desemprego históricas, agravada pelas políticas de arrocho impostas pela Presidência do governo de direita (que apoia a monarquia) e vários escândalos envolvendo monarcas têm contribuído para a insatisfação popular, na busca por alternativas republicanas para um país mais justo social e economicamente.
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações da Izquierda Unida