Colômbia: Santos afirma que não quer falhar no compromisso com a paz
O presidente colombiano Juan Manuel Santos, reeleito em segundo turno nesse domingo (15), disse que não quer “decepcionar” nos próximos quatro anos e que pretende unir o país em torno do processo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e da iminente negociação com o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Publicado 16/06/2014 10:13
“Para mim é um grande desafio, que em quatro anos ninguém se arrependa de ter votado em mim. Que eu não falhe no compromisso da paz e da justiça social”. O presidente lembrou o escritor Gabriel García Márquez em seu discurso sobre a paz. “Prometo trabalhar por vocês, pelo país com que sonhou Gabo [apelido do escritor] e com o qual todos nós sonhamos. Por isso, me entrego a Deus para alcançá-lo”, disse.
As eleições presidenciais na Colômbia se transformaram em um plebiscito sobre a negociação de paz com as Farc. O presidente Juan Manuel Santos obteve a reeleição com 50,89%, depois de ter apostado no diálogo como caminho para conseguir um novo mandato. Seu rival uribista, Óscar Iván Zuluaga, ganhador do primeiro turno de 25 de maio, ficou com 45,06%.
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O processo de paz foi, sem dúvida, o principal foco das candidaturas, embora, nas pesquisas, questões como a educação, a insegurança e o desemprego figurassem como prioridades para os cidadãos. Santos, ao mudar sua estratégia publicitária, levou vantagem ao apresentar também alguns dados estatísticos dos quais seu governo pode se vangloriar: crescimento de 4,3%, redução estatística da pobreza em 2,5 milhões de pessoas, taxa de desemprego em queda, em 9,6%.
Apesar disto, a Colômbia segue tendo uma série de dificuldades. As constantes greves agrárias e as reclamações frequentes dos camponeses são um exemplo de que a política social não anda muito bem. Neste sentido é importante lembrar que o presidente reeleito é um representante das classes dominantes, proveniente de partidos conservadores – foi ministro da Defesa durante o mandato de Uribe (com quem rompeu relações posteriormente).
De qualquer modo, e diante das circunstâncias políticas, Santos passou a ser a opção mais viável ao oferecer ao povo colombiano a esperança do fim de um conflito que dura mais de meio século. Por outro lado, Zuluaga passou a representar uma extensão do governo de Uribe, que é feroz na defesa das políticas intervencionistas dos Estados Unidos.
Reconhecimento
Zuluaga admitiu a derrota e parabenizou Santos pelo resultado. “Seguirei trabalhando pelo que acredito, mas o importante é o fortalecimento da democracia”, destacou o opositor, que agradeceu ao ex-presidente Álvaro Uribe por tê-lo “escolhido como seu candidato”. “Uribe trabalhou muito, como se fosse ele mesmo o candidato”, acrescentou.
Uribe, que assumirá no Senado a partir de agosto, não aceitou o resultado e deu várias entrevistas em que denunciou a compra de votos. Mas as eleições foram observadas pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho
Com informações da Agência Brasil, El Espectador e de agências